CPI alerta para casos de bullying na internet
Um caso de cyberbullying envolvendo uma jovem de 15 anos, objeto de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Combate ao Abuso Sexual e Violência Cometida contra Crianças e Adolescentes da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), chama a atenção das autoridades e acende um alerta aos pais e responsáveis.
O tema foi discutido nesta terça-feira (12) em reunião extraordinária da CPI, que já abordou o assunto no início do mês de abril. Dessa vez o pai e a mãe da vítima foram ouvidos. O crime aconteceu no município da Serra. De acordo com o titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, dois homens de São Paulo (SP) e uma mulher do Rio de Janeiro (RJ) foram presos após investigação da Polícia Civil.
A oitiva foi conduzida pelos deputados Dary Pagung (PSB) e Coronel Weliton (PTB), presidente e vice-presidente da CPI, respectivamente. A mãe da menina afirma ter notado mudanças de comportamento na filha e que a jovem passava um bom tempo na internet.
Participantes do colegiado chamaram a atenção para o uso indiscriminado e sem supervisão de aplicativos e redes sociais, que pode oferecer risco aos menores. “(…) quando a criança ou o adolescente ficar muito tempo na internet, os pais têm que já ter um alerta, porque com certeza eles podem estar em alguma plataforma criminosa. Então assim, o primeiro alerta: não deixar seu filho ficar muito tempo nas redes sociais. (…) eu não tenho dúvida nenhuma de que nós precisamos ficar muito atentos e vigilantes”, lembra Pagung.
Um dos “apps”, por exemplo, é usado por criminosos para induzir participantes de fóruns à automutilação, práticas relacionadas à pedofilia, ameaças às escolas e incitação ao crime. Os grupos ranqueiam seus respectivos integrantes à medida que cumprem atividades como essas.
Controle parental e legislação
Para o presidente da CPI, o poder público pode orientar e legislar sobre tais práticas, mas o dever de educar é dos pais. “(…) quem tem obrigação com seu filho é pai e mãe. Nós, do poder público, nós temos que apresentar leis específicas, nós precisamos orientar. Mas assim, quem tem que orientar o filho, é o pai e a mãe”, assegura o parlamentar.
Na avaliação de Coronel Weliton, a internet carece de regras. “Nós precisamos realmente de regulamentação da internet, né? As redes sociais são uma terra sem lei, onde as pessoas entram e podem tudo. Lá tem fórmula de tudo, tudo é possível. Desde fabricação de bomba, até atentados (…). Então nós precisamos realmente adotar, enquanto poder público, iniciativas de legislação para limitarmos esse tipo de acesso e também de informações”, pondera o parlamentar.
Sobre vigilância parental, o delegado titular da DRCC acrescenta que o controle é difícil, mas necessário. De acordo com o profissional, muitos jovens reclamam da falta de privacidade. “Vejo muitos jovens que não querem que os pais se inteirem do que eles estão fazendo na internet (…). Reclamam da falta de privacidade (…). Entendo que é difícil você ter um acompanhamento constante, mas o que eu percebi é que, muitas vezes, quando os pais não dão a devida atenção, quando eles não criam o filho adequadamente, quem cria é a rua”, assevera.
Brenno Andrade garante ainda que é comum crianças e jovens apresentarem comportamentos distintos em ambientes diferentes, como na vida real e on-line. Por isso, todas as esferas da vida do jovem devem ser acompanhadas.
Para mitigar efeitos dos crimes, o delegado sugere a criação de programas ou núcleos de apoio ao jovem vítima de violência na internet. Como prevenção, Brenno aconselha a restrição do tempo de tela e o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades extracurriculares , além do uso de aplicativos de controle parental.