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Política em Foco

A Filosofia Preceitua: “Todo Império um dia cai”

Nenhum império se sustenta por muito tempo, sussurra a brisa da realidade e os ventos da mudança que carregam histórias de ascensões vertiginosas e quedas estrepitosas.
O poder absoluto não apenas corrompe absolutamente, ele semeia as sementes da guerra e as raízes de sua própria destruição.

O problema é que o império não cai sozinho e seus desfechos são perigosos, como aconteceu em 1929, com a grande depressão econômica que começou nos Estados Unidos, falindo empresas e bancos, aumentando o desemprego, reduzindo o PIB e espalhando rapidamente a pobreza e a instabilidade social.

Os impostos diretos da crise para a economia americana foram imediatos e espalharam-se pelo país. O período mais crítico foi de 1929 a 1933; logo após, os efeitos da crise foram enfraquecendo-se, devido à intervenção do Estado na economia com o New Deal (Novo Acordo), um conjunto de políticas econômicas e sociais implementadas, com objetivo de aliviar o sofrimento dos desempregados e necessitados, restaurar o comércio e acelerar as reformas de médio e longo prazo para evitar crises futuras.

No Brasil, os produtores de café foram atingidos em cheio, obrigando o governo Vargas a tomar medidas drásticas na área econômica, a fim de proteger o principal produto do país. Para tal, foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC) em 1931, que tinha a missão de conter a queda do valor do produto. À medida levou o próprio governo a comprar inúmeras sacas que estavam paradas para aumentar o valor do café no mercado internacional. Outra parte foi comprada para ser incinerada, prática que permaneceu durante 13 anos, culminando na destruição de quase 80 milhões de sacas de café.

No restante do mundo, milhares e milhares de pessoas perderam instantaneamente todo seu patrimônio, uma vez que ele estava investido em valores da especulação que haviam desaparecido com a quebra da bolsa, pois os resultados da crise espalharam-se velozmente, colapsando a economia de diversos países e inaugurando uma severa recessão.

A situação era tão crítica que o desemprego alcançou níveis altíssimos nos seguintes países:

– Grã-Bretanha: 23%

– Bélgica: 23%

– Suécia: 24%

– Áustria: 29%

– Noruega: 31%

– Dinamarca: 32%

– Alemanha: 44%

Destarte, a crise de 1929 combinou com a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, criando condições propícias para a ascensão dos nazistas, que aproveitaram a depressão econômica para obter o apoio do povo alemão. O nazismo como partido não engolia o “Tratado de Versalhes” (28 de junho de 1919), que forçou o país a assumir toda a culpa pela guerra, ceder territórios, reduzir seu poder bélico e pagar uma série de indenizações.

Tudo isso complicou de vez a já sufocante situação alemã, arruinada pelos danos das dívidas da guerra, fato que tornou a Alemanha um país deficitário e que passou a importar capital. O povo alemão viu nas exigências do Tratado uma humilhação internacional, o que deu início ao sentimento de revolta e pavimentou o nacionalismo alemão banhado com a temerária sede de vingança.

Nacionalismo Comercial de Donald Trump

Alguns denominam o presente momento de ação populista ou de populismo comercial. No entanto, a presente agenda do nacionalismo comercial é um jogo ameaçador, que pode nos levar a outra crise de natureza global, como temos visto até o momento com o “tarifaço de Donald Trump” e as retaliações das outras economias, como a China, que anunciou a taxação de 34% sobre todos os produtos americanos comercializados em seu território.

Outros países estão analisando como reagir às mais recentes tarifas de Trump, o que pode elevar ainda mais os impostos dos americanos a níveis assustadores desde o período que abalaram o sistema de comércio mundial pós-Segunda Guerra Mundial, o que há muito tempo Donald Trump considera como injusto.

Voltando, o poderoso Império Romano que durou aproximadamente 500 anos, caiu no século V d.C, em um contexto histórico marcado por pressões externas e internas, aliadas à instabilidade política, crise econômica e desafios militares, que desencadearam uma desintegração progressiva de suas imponentes estruturas, um cenário sinótico, repetitivo e bem próximo aos nossos dias.

Enfim, o poder absoluto não apenas corrompe absolutamente, ele semeia as sementes da guerra e as raízes de sua própria destruição.

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.
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