BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou nesta sexta-feira (6) que a celebração do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia é um marco “histórico” e “estratégico” e acrescentou que se trata de uma prova de diálogo, em um mundo muito polarizado e fragmentado.
Alckmin também minimizou a resistência em algumas nações europeias, como França e Polônia. Disse esperar que essa questão “esteja resolvida”: “O acordo é sempre um ganha-ganha, mas onde você abre mão de alguma coisa, ganha de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, tem uma dificuldade ali, mas acho que vamos superar”.
“É o maior acordo entre blocos de todo o mundo. Nós estamos falando de mais de 700 milhões de pessoas. E também destacar o grande significado disso no mundo polarizado, fragmentado. Isso é prova de diálogo, da boa política”, afirmou.
O vice-presidente evitou cravar uma data para a assinatura do documento, elencando que ainda há alguns trâmites burocráticos.
Alckmin, também ministro do Mdic (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), conversou com jornalistas horas após o anúncio da finalização do texto do acordo comercial.
Segundo ele, as exportações da agricultura podem crescer 6,7%; serviços, em 14,8%; e as vendas da indústria de transformação, devem aumentar em 26%.
O vice-presidente minimizou o impacto das eleições norte-americanas, com a vitória de Donald Trump, no desenrolar das negociações. Trump defende uma política econômica mais protecionista.
“Qualquer que fosse o resultado da eleição americana, eu diria que o acordo caminhou bem, o entendimento avançou, muita negociação. Agora, eu acho que ele é bom para o Mercosul, é bom para a União Europeia, mas é bom para o mundo também”, afirmou.
Os dois blocos anunciaram nesta sexta-feira (6) a conclusão das negociações e a consolidação do texto final do acordo de livre-comércio gestado há mais de 25 anos entre os blocos.
O anúncio foi feito durante o encontro do grupo sul-americano em Montevidéu com as presenças dos presidentes Lula (Brasil), Javier Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai) e a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.
A mensagem principal ficou por conta da líder europeia. Em um aceno contra o protecionismo, Von der Leyen disse em seu discurso que “os dois blocos concordam que cooperação é o caminho para prosperar”. “Esse acordo é a nossa resposta ao crescente isolamento e à fragmentação.”
O tratado deve abarcar um mercado comum de 718 milhões de pessoas em economias que, somadas, chegam a US$ 22 trilhões. Os novos detalhes do que foi consensuado ao longo de extensas negociações ainda serão tornados públicos.
Em resumo, para o Mercosul, serão zeradas ou reduzidas tarifas de exportação para a UE de cerca de 70% a 90% dos produtos. Para o bloco europeu, o principal foco será sobre produtos agrícolas.
Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirma que o acordo representa uma resposta efetiva ao desafio de agregar mais valor à pauta comercial brasileira, processo que vai correr em paralelo a uma política de modernização e evolução industrial do país.
O texto também fala que o acordo vai criar bases para integrar a economia brasileira a cadeias de valor de forma mais robusta e competitiva. Também cita se tratar de um importante passo para “reverter o processo de re-primarização” das exportações do Brasil.
“Além de diversificar nossas exportações e ampliar a base de parceiros comerciais, elevando o acesso preferencial brasileiro ao mercado mundial de 8% para 37%, o acordo trará uma inserção internacional alinhada com a agenda de crescimento inclusivo e sustentável, o que é essencial para garantir ganhos econômicos e sociais de longo prazo, e reforçar a competitividade global do Brasil”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban, segundo a nota.
Para a CNI, o acordo representa uma “oportunidade histórica” para reposicionar o Brasil no comércio global, estimulando a produtividade e a competitividade da indústria de maneira sustentável.