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Política em Foco

Ausência de lideranças na manifestação pró-anistia pode causar fissuras na corrida eleitoral de 2026

Evento realizado no último domingo (3) mobilizou conservadores no Espírito Santo, enquanto figuras estratégicas, como o prefeito de Vitória, ficaram de fora.
Com o aumento das tensões políticas, a estratégia de atrair, de forma gravitacional as alas da direita pode não obter êxito.

A manifestação realizada no último domingo (3), em Vila Velha, reuniu milhares de apoiadores da pauta conservadora em defesa da anistia aos presos do 8 de Janeiro. O ato, que teve início no tradicional Posto Moby Dick e seguiu pela Terceira Ponte até Vitória, contou com forte adesão popular e presença de diversas lideranças políticas da direita capixaba.

No entanto, a ausência de nomes estratégicos chamou atenção nos bastidores da política estadual. Um dos principais foi o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que, no mesmo horário, acompanhava a final da Copa Espírito Santo, no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica.

Considerado pré-candidato ao governo do Estado em 2026, Pazolini tem adotado uma estratégia “gravitacional”, buscando atrair diferentes alas da direita, desde a moderada à mais radical, sem se comprometer diretamente com pautas mais polêmicas. Contudo, essa “neutralidade” vem sendo cada vez mais questionada por setores da direita, devido a crescente polarização que marca o atual cenário político brasileiro.

Com a prisão de Bolsonaro e o aumento da pressão por posicionamentos claros sobre temas como liberdade de expressão, ativismo judicial e perseguição política, manter-se no centro tem se tornado uma missão cada vez mais difícil. O eleitorado conservador, principalmente o mais engajado, exige posições firmes e presença em momentos simbólicos, como o ato do último domingo.

Fora do Espírito Santo, o tom também tem subido. Em São Paulo, o pastor Silas Malafaia, forte aliado de Bolsonaro, criticou duramente os políticos que tentam se beneficiar da popularidade da direita sem assumir sua identidade política: “Não adianta querer o voto da direita sem defender a pauta da liberdade. A covardia será lembrada nas urnas”, disparou durante um discurso recente na Avenida Paulista.

O recado é claro para 2026, pois não bastará dialogar com a direita e ficar na sombra, é necessário encarar o sol e a chuva. A omissão pode custar caro para quem deseja se consolidar como liderança da direita, ainda mais nesse momento em que o eleitorado está atento, mobilizado e menos tolerante com o “muro”.

O histórico recente confirma essa tendência. Nas eleições de 2022 no Espírito Santo, candidatos capixabas que tentaram conciliar o apoio a Bolsonaro na esfera nacional com o respaldo a Casagrande no âmbito estadual foram penalizados nas urnas pela maioria do eleitorado conservador.

Com isso, o cenário eleitoral começa a se desenhar e manifestações temáticas, como a do último final de semana, podem se tornar verdadeiros “termômetros políticos” na avaliação de quem está ou não disposto a representar, de fato, a direita brasileira.

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.
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