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Ausência de tarifas imediatas dá esperança à China que Trump seja negociador

PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - O presidente dos EUA, Donald Trump, não ordenou tarifas maiores contra a China em seu primeiro dia no cargo, mas ordenou investigação dos países com superávit comercial com os Estados Unidos, caso do país asiático.

Questionado sobre o morde e assopra de Trump, durante a

PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, não ordenou tarifas maiores contra a China em seu primeiro dia no cargo, mas ordenou investigação dos países com superávit comercial com os Estados Unidos, caso do país asiático.

Questionado sobre o morde e assopra de Trump, durante a entrevista coletiva diária do Ministério do Exterior, o novo porta-voz chinês, Guo Jiakun, deu resposta, à primeira vista, genérica: “A cooperação econômica e o comércio entre a China e os Estados Unidos beneficiam ambos os lados. Manter laços comerciais sólidos e estáveis atende aos interesses fundamentais de ambos os países e povos”.

Ações e câmbio chineses responderam positivamente, embora sem exagero, assim como mídia social e acadêmicos. “No seu primeiro dia, Trump não mexeu muito com a China”, escreveu com alívio Hu Xijin, ex-editor do Global Times e hoje celebridade em diversas plataformas chinesas.

No alto dos tópicos da rede social Weibo, o pouco que os internautas chineses acharam para rir do presidente americano se restringia à sua ideia de vender metade do TikTok. Cobravam que a americana Nvidia entregasse metade de seu capital. Mas também no caso do TikTok o jogo de Trump foi duplo, com ameaças verbais enquanto estendia o acesso à plataforma nos EUA.

Acadêmicos chineses ouvidos pela imprensa local receberam a ausência de tarifas e a sobrevida do TikTok como confirmação de que o lado transacional de Trump poderá prevalecer mais uma vez na relação com Pequim, como no primeiro mandato. Da Wei, da Universidade Tsinghua, avalia que ele adiou a decisão tarifária para dar abrir espaço à negociação.

Na coletiva, o porta-voz Guo sublinhou, também repetidamente, mas em especial na resposta sobre o convite que teria sido feito por Pequim para uma visita de Trump, que “a China está pronta para trabalhar com o novo governo dos EUA para manter a comunicação”.

A comunicação já havia sido enfatizada no relato chinês sobre o telefonema entre Trump e o líder chinês Xi Jinping, na sexta-feira (17), afirmando que eles “concordaram em estabelecer canais estratégicos de comunicação e manter contato regular”.

Questionado nesta segunda sobre o pedido de Trump, de uma investigação sobre o cumprimento do acordo comercial que ele e Xi fecharam em seu primeiro mandato, o porta-voz chinês chegou perto de propor novo acerto: “Apesar de todas as diferenças, desfrutamos de tremendos interesses comuns e espaço para cooperação. Podemos fortalecer o diálogo para esse fim”.

Outra evidência da disposição chinesa para negociar veio do vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang, também nesta terça, anunciando no Fórum Econômico Mundial, em Davos, de maneira genérica: “Nós não queremos superávit comercial. Nós queremos importar mais para promover um comércio equilibrado”.

O acordo de janeiro de 2020 entre Trump e Xi previa “expansão dramática”, nos termos usados então pela Casa Branca, das importações de produtos agrícolas dos EUA pela China, o que acabou não acontecendo -em parte pelo avanço da pandemia, mas coincidindo com crescimento das importações do agro brasileiro.

Os sinais de estranhamento comercial entre China e Brasil, como no anúncio recente da investigação das importações de carne bovina, parecem dar razão ao alerta da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, em visita a Pequim, em novembro: “Trump gosta de negociar. Pode fazer uma negociação e impor produtos agrícolas para a China, em reciprocidade”.

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