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Boogarins, com disco ‘Bacuri’, chega à síntese de uma sonoridade caseira

PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - Numa carreira de pouco mais de uma década, a banda goianiense Boogarins vem cavando um lugar de destaque na cena internacional de rock alternativo. São figuras conhecidas na Europa e nos Estados Unidos, que tocaram em festivais importantes como o Primavera Sound, em Barcelona,

PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Numa carreira de pouco mais de uma década, a banda goianiense Boogarins vem cavando um lugar de destaque na cena internacional de rock alternativo. São figuras conhecidas na Europa e nos Estados Unidos, que tocaram em festivais importantes como o Primavera Sound, em Barcelona, e South By Southwest, em Austin, e acabam de retornar ao Brasil depois de mais uma apresentação, a terceira, no cultuado festival Levitation, também em Austin.

Formado por Benke Ferraz (guitarra e voz), Dinho Almeida (guitarra e voz), Raphael Vaz (baixo, moog e voz) e Ynaiã Benthroldo (bateria e voz), o Boogarins acaba de lançar seu sétimo disco de estúdio, “Bacuri”, e fará um show de lançamento do álbum em 6 de dezembro no Cine Joia, em São Paulo.

Para uma banda tão internacional, “Bacuri” representa uma espécie de retorno da banda ao Brasil e a uma filosofia mais “caseira”. Produzido pela banda e pela engenheira de áudio Alejandra Luciani na casa em que ela, Raphael Vaz e Dinho Almeida moram no bairro da Barra Funda, em São Paulo, este é o primeiro disco inteiramente gravado de forma caseira desde a estreia da banda, com “As Plantas que Curam”, de 2013.

“A gravadora OAR queria botar um produtor conhecido para fazer o disco com a gente”, diz Benke. “Mas acabamos escolhendo fazer o disco com nossos próprios recursos, começando um novo capítulo na história da banda.”

Antes de optar por produzir o próprio disco, o Boogarins conversou com vários candidatos ao cargo de produtor, incluindo nomes famosos como Adrian Quesada, do grupo Black Pumas, e Mario Caldato Jr., famoso por trabalhos com Beastie Boys, Bjork e Marcelo D2. “Foi maravilhoso trocar ideia com esses caras”, diz o guitarrista Dinho Almeida. “Acabamos mandando músicas para o Adrian, visitamos o estúdio do Mario, e foram experiências incríveis.”

Outros nomes cogitados foram Wayne Coyne, líder do grupo psicodélico Flaming Lips, e o megaprodutor Brian Eno, que assinou discos de U2, Coldplay, Talking Heads e Devo. “O papo com Brian Eno foi todo por e-mail”, conta o baixista Raphael Vaz. “Mas aí escrevi que a gente poderia apresentar ele para um novo público no Brasil, acho que ele se irritou e não respondeu mais.”

O trabalho em “Bacuri” foi lento e sem pressão. O fato de estarem literalmente em casa, e não em um estúdio com horários limitados, possibilitou à banda experimentar com timbres e sons diferentes. “Bacuri” traz a bonita mistura de psicodelia sessentista e sons brasileiros que sempre marcou a música do Boogarins, uma banda que se sente tão à vontade dividindo palcos com bandas lisérgicas e pesadas como The Black Angels quanto fazendo shows com repertório do Clube da Esquina.

Uma das faixas mais curiosas é “Só Deus Sabe”, um folk-rock que a banda queria oferecer para a dupla Chrystian e Ralf, conta Benke. “A gente não curte essa massificação do sertanejo, mesmo sendo de Goiás, mas gostamos de Chrystian e Ralf desde crianças. Lembro a minha mãe ouvindo discos deles e contando histórias, de como eram dois irmãos que cantavam muito bem, eram considerados a dupla mais afinada do sertanejo.”

A morte de Chrystian, em junho de 2024, acabou com os planos, mas o Boogarins homenageou a dupla colocando o nome dos irmãos no título da canção —”Chrystian e Ralf (Só Deus Sabe)”.

Com “Bacuri”, o Boogarins espera ter chegado até a síntese da sonoridade que vinham elaborando desde sua estreia. “Uma mistura de nossas influências com muita coisa brasileira que nos marcaram. O disco mostra essa maturidade”, diz Dinho.

Ele cita outras bandas nacionais, a paraibana Papangu e a paulista Bike, que misturam música brasileira a gêneros como o black metal, vertente mais pesada do heavy metal, e rock psicodélico. “Existem várias bandas brasileiras fazendo um som muito maduro e pessoal. Isso tem a ver com a vivência, com conhecer mais música e ter outras influências. A gente quer fazer a coisa do nosso jeito, fazer o nosso trem.”