O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta como uma pessoa se comunica, interage e se comporta. Embora cada indivíduo no espectro autista seja único, existem algumas características comuns, como dificuldades na interação social, padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.
Uma das questões importantes a se entender sobre o autismo é a presença frequente de comorbidades, ou seja, a coexistência de outras condições junto ao transtorno do espectro autista (TEA). Essas comorbidades podem incluir transtornos de ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), epilepsia, distúrbios gastrointestinais, distúrbios do sono, entre outros.
A identificação e o manejo adequado dessas comorbidades são fundamentais para garantir uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento da pessoa com autismo. Quando as comorbidades não são reconhecidas ou tratadas de forma apropriada, elas podem mascarar ou agravar os sintomas do próprio autismo, dificultando o diagnóstico e a implementação de intervenções eficazes.
Um estudo realizado pela Genial Care em 2020, chamado “Cuidando de quem cuida”, revelou que 35% das pessoas respondentes afirmaram que o diagnóstico de autismo vinha acompanhado de alguma comorbidade, sendo as principais o TDAH (46%), transtornos de ansiedade (29%) e deficiência intelectual (21%). Esses dados corroboram com a literatura científica, que aponta uma alta prevalência de comorbidades em indivíduos com TEA.
É importante entender que a presença de comorbidades não significa necessariamente que a pessoa terá uma vida limitada. No entanto, é essencial que a equipe responsável pelo diagnóstico e a família estejam atentas a esses sinais adicionais, a fim de implementar um programa de intervenção personalizado e eficaz.
Uma abordagem integrada, envolvendo diversos profissionais da saúde, é fundamental para a avaliação precisa das comorbidades e o desenvolvimento de estratégias de tratamento adequadas. Isso pode incluir, por exemplo, a colaboração entre neurologistas, psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros especialistas, conforme as necessidades de cada indivíduo.
Além disso, é crucial que pais, familiares e cuidadores estejam familiarizados com os sinais das principais comorbidades do autismo, a fim de identificá-las precocemente e buscar o atendimento apropriado. Quanto mais cedo as comorbidades forem reconhecidas, mais rapidamente intervenções adequadas podem ser implementadas, melhorando o prognóstico global da pessoa com TEA.
É importante ressaltar que, em alguns casos, as comorbidades podem até mesmo “mascarar” o diagnóstico de autismo, especialmente quando se trata de transtornos como a Síndrome de Down, Síndrome de Angelman, Síndrome de Williams e Síndrome do X-Frágil. Nesses casos, o foco da intervenção pode se voltar apenas para a comorbidade, deixando de lado o tratamento do autismo propriamente dito.
Portanto, a compreensão do impacto das comorbidades no autismo é fundamental para garantir uma abordagem abrangente e eficaz, que considere todas as necessidades da pessoa com TEA. Somente assim será realmente possível oferecer um suporte personalizado, promovendo o desenvolvimento e proporcionando uma melhor qualidade de vida.