Foto Internet
Há 12 anos desembarquei no Aeroporto Francisco Sá Carneiro na cidade do Porto, norte de Portugal. Meu amigo, Nuno Tavares, estava me aguardando no aeroporto. À noite fomos a um restaurante na Vila do Conde, distrito do Porto. Quando chegamos ao local reservado, me deparei com duas garrafas de vinho tinto sobre a mesaꓽ Bafarela 17 Grande Reserva e Malhadinha. O vinho, Malhadinha, me chamou a atenção pelo seu rótulo, simples, objetivo e muito criativo. Confesso que tenho certo apego por rótulos de vinhos, e até o momento as minhas escolhas não têm me enganado, quando gosto do rótulo geralmente aprecio também o vinho. E, com o vinho Malhadinha safra 2010 não foi diferente, um ilustre desconhecido para mim até aquele momento, aliás, ambos desconhecidos. Bem, caro leitor, a agradável surpresa foi logo no primeiro gole, da primeira taça até o final da garrafa. Numa próxima coluna falaremos sobre o vinho Bafarela.
Foto família Soares (Internet)
O rótulo do vinho, Malhadinha, é um desenho da Matilde, filha de um dos proprietários da vinícola, Herdade da Malhadinha Nova, da família Soares. Aliás, uma sacada inteligente dos proprietários em rotular alguns dos seus vinhos com desenhos da turma da nova geração e nominar alguns deles com os nomes dos seus filhos. A prática de usar a arte dos filhos nos rótulos é uma forma de a família expressar a ligação afetiva com o projeto e com a terra. Parabéns aos criativos e equipe da vinícola.
O vinho é um blend das castas Alicante Bouschet 45%, Touriga Nacional 25%, Tinta Miúda 15%, Cabernet Sauvignon 10% e Syrah 5%. Seu teor alcoólico é de 14,5% por volume. A temperatura de serviço recomendada é de 16°C. As uvas são colhidas manualmente e criteriosamente selecionadas. A fermentação ocorre em temperatura controlada. Estágio de 16 meses em barricas novas de carvalho francês. Aromas de fruta vermelha e preta. Nota-se a presença de madeira, mas bem equilibrado. Na boca o registro frutado permanece. Um vinho complexo e muito estruturado, com taninos maduros e sedosos, com final longo e persistente. Com essa ficha técnica podemos dizer que é um vinho com muita estrutura e potencial de guarda.
Caro leitor e apreciador da bebida do deus Baco e Dionísio que ainda não teve a oportunidade de degustar o vinho, Malhadinha, minha sugestão é que o faça e conheça um vinho vigoroso, pronto para beber, mas com potencial para envelhecer em garrafa.
Até breve, mas lembre-se: se beber não dirija.