Momento de Inclusão​

O papel do vereador na construção de uma gestão pública inclusiva e participativa

Ser vereador é exercer um papel transformador. É entender que a política municipal não se limita à burocracia, mas é o espaço onde se constrói cidadania e se materializam direitos.

O embaixador da inclusão, Marcel Carone, entregou o título de ‘Amigo da Inclusão’ ao vereador de Cariacica e médico da família e da comunidade, Dr. Fernando Santório.

O vereador é a autoridade política mais próxima do cidadão. É no município que a vida acontece, e é na Câmara Municipal que os interesses da comunidade ganham voz. A atuação do vereador vai muito além de votar leis e fiscalizar contas: envolve representar, propor, ouvir e construir soluções concretas para os desafios locais. Quando esse trabalho é guiado pela ética, pela transparência e pelo compromisso com a inclusão, o mandato ganha sentido público e se transforma em instrumento de mudança real.

A função do vereador está ancorada em quatro pilares principais: legislar, fiscalizar, administrar e julgar. Cada uma delas exige preparo técnico, responsabilidade e compreensão do impacto que as decisões têm sobre a vida das pessoas.

A função legislativa

A principal atribuição do vereador é a elaboração de leis municipais. Essas normas tratam de temas que afetam diretamente o cotidiano da população, como transporte, educação, saúde, meio ambiente e acessibilidade. Por isso, é fundamental que o vereador atue com base em estudos técnicos, consultas públicas e diálogo com especialistas e lideranças comunitárias.

Ao criar leis, o vereador não apenas regulamenta a vida do município, mas ajuda a traçar o caminho do desenvolvimento local. Um exemplo é a possibilidade de propor programas de incentivo à contratação de pessoas com deficiência, em sintonia com a Lei Brasileira de Inclusão.

Além disso, a Câmara tem papel decisivo na aprovação do orçamento municipal. É nesse momento que o Legislativo pode corrigir rumos, definir prioridades e garantir que os recursos públicos cheguem aonde são mais necessários. A análise do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) é uma das tarefas mais relevantes do mandato, pois delas depende o equilíbrio entre as metas da gestão e as demandas reais da população.

As funções fiscalizadora e judiciária

Fiscalizar é tão importante quanto legislar. Cabe ao vereador acompanhar a execução do orçamento e verificar se as políticas públicas aprovadas estão sendo de fato implementadas. Isso inclui solicitar informações formais, convocar secretários municipais para prestar esclarecimentos e instaurar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) quando há indícios de irregularidades.

Essa função não deve ser confundida com perseguição política. A boa fiscalização fortalece o poder público, garante o uso responsável dos recursos e dá legitimidade ao trabalho do Legislativo. Um exemplo prático é o acompanhamento de investimentos destinados à educação inclusiva, verificando se as escolas cumprem as normas de acessibilidade física e pedagógica.

Já a função judiciária se manifesta no julgamento das contas do prefeito e na apuração de eventuais infrações político-administrativas. Trata-se de uma atribuição de alta responsabilidade, pois dela depende a integridade da gestão pública. O parecer técnico do Tribunal de Contas serve de base, mas a decisão final é da Câmara Municipal, que pode deliberar de forma autônoma, desde que de maneira fundamentada e transparente.

A função administrativa

O vereador também atua na função administrativa, por meio do presidente da Câmara, que é o ordenador de despesas. Cabe à Casa garantir o funcionamento de suas atividades internas, respeitando o orçamento e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Nesse campo, a inclusão também deve ser prioridade. É papel do Legislativo investir em acessibilidade física, comunicacional e informacional. Isso significa, por exemplo, garantir intérpretes de Libras nas sessões, oferecer documentos em braile e adaptar os espaços da Câmara para pessoas com mobilidade reduzida. Essas ações tornam o Parlamento verdadeiramente acessível e democrático.

O processo legislativo e a participação popular

O processo legislativo é o caminho que transforma ideias em leis. Começa com a apresentação de um projeto, que pode partir do vereador, do prefeito ou até de iniciativa popular, e segue por etapas que envolvem análise técnica, discussão em comissões, votação em plenário e sanção do prefeito.

Durante essas fases, a participação da sociedade é essencial. Audiências públicas, consultas online e gabinetes itinerantes são instrumentos que permitem ouvir as demandas da população e incluir diferentes vozes nas decisões. A escuta ativa é o que dá legitimidade ao mandato e garante que o vereador legisle com o povo e não apenas em nome dele.

Promover a inclusão nesse processo significa abrir espaço para que todos participem, pessoas com deficiência, mulheres, jovens e idosos. O diálogo constante fortalece a democracia e melhora a qualidade das políticas públicas.

As comissões parlamentares

As comissões são o coração técnico do Legislativo. É nelas que os projetos são analisados, debatidos e aperfeiçoados antes de chegar ao plenário. Existem comissões permanentes, como as de Constituição e Justiça, Finanças e Educação, e temporárias, criadas para tratar de assuntos específicos.

Um vereador comprometido com a inclusão pode promover audiências públicas temáticas e reunir especialistas e representantes do terceiro setor para debater políticas de inclusão e acessibilidade. A participação ativa nas comissões é uma das formas mais eficazes de transformar boas ideias em resultados concretos.

O compromisso com a ética e a inclusão

O mandato de um vereador protagonista vai além do cumprimento formal de suas funções. Ele se realiza quando há propósito, coerência e compromisso com o bem comum. Isso envolve adotar práticas de transparência, comunicação aberta com os cidadãos e atuação em rede com outros órgãos e instituições.

A inclusão deve ser vista como princípio e não apenas como pauta. Um mandato inclusivo é aquele que garante acesso à informação, respeito à diversidade e oportunidades iguais para todos. Isso vale tanto para a elaboração de leis quanto para a forma como a Câmara se relaciona com a comunidade.

Ser vereador é exercer um papel transformador. É entender que a política municipal não se limita à burocracia, mas é o espaço onde se constrói cidadania e se materializam direitos. Ao legislar com responsabilidade, fiscalizar com independência e ouvir com empatia, o vereador se torna o elo entre o poder público e a sociedade.

A atuação ética, técnica e inclusiva não apenas fortalece a confiança da população no Legislativo, mas também faz do mandato um instrumento real de justiça social. Quando a Câmara Municipal se torna acessível, transparente e participativa, o município avança, e a democracia se renova.

“A opinião deste colunista não reflete, necessariamente, a opinião da RedeTV! Espírito Santo.”

Jornalista, apresentador de TV, empresário e empreendedor social com profundo compromisso com a inclusão. Como embaixador da Vitória Down, criei a “Brigada 21”, primeira brigada de bombeiros composta por pessoas com Síndrome de Down no Brasil e possivelmente no mundo. Também idealizei o “Pelotão 21”, primeiro pelotão do Exército Brasileiro formado por pessoas com Síndrome de Down, e a “Patrulha 21”, projeto que proporcionou experiências na Guarda Municipal de Vitória e no Salvamar. Possuo diploma da ADESG – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com especialização em Política e Estratégia, e sou Comendador do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro. Além disso, sou embaixador do projeto “Empoderadas”, idealizado pela campeã mundial de Jiu-jítsu e referência nacional no enfrentamento à violência contra a mulher, Erica Paes.

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