Precision em Ação​

Quando o Guerreiro Carrega a Espada

Em um discurso recente, que viralizou nas redes sociais, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos foi direto ao ponto: “padrões não são sugestões; ou você cumpre, ou você está fora.” A fala, dura e sem concessões, ecoou como um chamado ao retorno daquilo que sustenta qualquer força de combate — disciplina, preparo físico e moral inegociáveis.

A mensagem não é nova. Ela apenas retoma uma verdade antiga, que atravessa culturas e séculos: o guerreiro não pode ser medido pelos mesmos parâmetros do cidadão comum.

O que chama a atenção hoje é o tom com que ela ressurge, em meio a um cenário marcado por disputas sobre raça, cor, peso, gênero e sexualidade. São pautas legítimas em outros espaços da vida social, mas que não podem ser transplantadas para o campo de batalha. As forças armadas não operam com base em sensibilidades ou preferências pessoais, mas em critérios objetivos de sobrevivência e vitória. Em guerra, não há espaço para concessões identitárias: ou se cumpre o padrão que garante a vida, ou todos pagam o preço da falha.

Da foice à espada

No Japão feudal, a diferença era clara. O camponês, com sua foice, se guiava pelas estações e pelo ritmo da terra. O samurai, com sua espada, vivia sob outro código: disciplina, honra e a exigência de estar sempre pronto para o sacrifício. Portar a espada não era apenas um direito, era um fardo. Um peso que exigia vida distinta, conduta rígida, padrões inalcançáveis para quem vivia apenas para o trabalho do campo.

Essa separação continua atual. Quem carrega a espada — hoje um fuzil, uma pistola, uma insígnia de comando — aceita também a responsabilidade de se manter em outro patamar.

Mais do que isso, carrega a responsabilidade com a vida alheia, pois portar a espada significa ter o direito legal de tirar uma vida, caso a situação exija. E esse poder só pode existir acompanhado de disciplina inabalável, preparo constante e moral elevada.

Lobos, ovelhas e cães pastores

Séculos depois, o coronel Dave Grossman popularizou uma metáfora que complementa esse raciocínio: a sociedade é composta por lobos, ovelhas e cães pastores.

  • Os lobos representam a violência, o caos, a ameaça.
  • As ovelhas vivem em paz, produtivas, muitas vezes inconscientes do mal que existe.
  • Os cães pastores, os guerreiros, são aqueles que se colocam entre um e outro.

Mas para que o cão pastor cumpra sua função, ele não pode ser frágil como a ovelha. Sua disciplina precisa ser maior, seu treino mais rigoroso, sua moral mais elevada. Um cão pastor relaxado, indisciplinado ou mal preparado não protege ninguém — e, pior, coloca todos em risco.

O padrão que protege a vida

É nesse ponto que o discurso do Secretário de Defesa encontra sua força. Ele não fala apenas de números em planilhas ou de protocolos burocráticos. Ele fala da essência do combate: ou você é capaz de cumprir a missão, ou você não deve estar nela. O padrão existe porque a vida depende dele.

Quando se afrouxa o padrão, não se ganha inclusão — se multiplica o risco. A espada, diferentemente da foice, exige outra estatura moral e física. Ela pesa, e não pode ser empunhada por quem não se submeteu à disciplina que ela exige.

 

Conclusão

A história nos mostra que não há meio-termo. Do Japão feudal à metáfora moderna de Grossman, a lição é a mesma: quem carrega a espada precisa viver sob padrões mais elevados. Não porque isso seja uma vaidade ou um privilégio, mas porque é disso que depende a vida dos que não têm a obrigação — ou a capacidade — de empunhá-la.

O Secretário de Defesa apenas recordou o óbvio: o guerreiro não pode ser ovelha. Ele precisa aceitar o fardo de ser cão pastor. E para isso, os padrões não podem ser negociados.

 

“A opinião deste colunista não reflete, necessariamente, a opinião da RedeTV! Espírito Santo.”

Pedro Castro: Bacharel em Direito e Marketing, pós graduado em Digital Strategy Leadership; Mídia Performance; Marketing Digital; Finanças e Mercados de Capitais; Gestão de Nagócios. Pós graduando em Biomecânica e psicofisiologia do combate. Faixa preta de Jiu-Jitsu; Grau Preto de Muay Thai; Instrutor de Armamento e Tiro; Instrutor de Retenção e Contra-retenção de armas de fogo; Instrutor de Combate Veicular; Instrutor de Imobilizações Táticas e uso de algemas; Operador MARC1 e Instrutor Stop the Bleed. Há mais de duas décadas, Pedro Castro, fundador da Brutal Precision, dedicou sua vida ao estudo e ensino das nuances do enfrentamento entre seres humanos. Com uma paixão inabalável pela segurança pessoal e pelo manuseio de armas de fogo, Pedro desenvolveu uma metodologia exclusiva que combina técnicas de artes marciais com as práticas mais avançadas de tiro. Essa integração permite que nossos alunos desenvolvam habilidades básicas, simples, mas extremamente eficazes.

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