A conta de luz voltará a ter cobrança de taxa extra a partir de maio, com a ativação da bandeira tarifária amarela. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (25) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A tarifa terá um acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, após quatro meses de bandeira verde, período em que não havia cobrança adicional.
De acordo com a agência reguladora, a decisão se deve à piora no cenário de geração hidrelétrica, em função da redução das chuvas e da queda nas vazões dos reservatórios. A transição entre o período úmido e o seco, típico dessa época do ano, impacta diretamente o nível das hidrelétricas, que representam a principal fonte de energia no Brasil.
“As previsões de chuvas e vazões nas regiões dos reservatórios para os próximos meses ficaram abaixo da média histórica. Isso pode exigir o acionamento de usinas termelétricas, que geram energia a um custo mais elevado”, explicou a Aneel, em nota.
Pressão sobre a inflação
O retorno da bandeira amarela ocorre em um momento de desaceleração da inflação, mas a medida pode voltar a pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), especialmente no cenário atual, em que os alimentos ainda exercem forte influência sobre o custo de vida das famílias.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 — a prévia da inflação oficial — fechou abril em 0,43%, abaixo do resultado de março, mas mantendo o acumulado em 12 meses em 5,49%, índice acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central.
A alta da energia elétrica, item que tem peso significativo no cálculo da inflação, reforça as expectativas do mercado sobre uma possível elevação na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para maio.
Entenda o sistema de bandeiras tarifárias
Implantado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias foi criado para indicar aos consumidores as condições de geração de energia no país e os custos associados a esse processo. Quando há necessidade de utilizar usinas termelétricas, devido à baixa produção das hidrelétricas, as bandeiras amarela ou vermelha são acionadas, com a cobrança de valores adicionais nas faturas.
Confira como funciona cada bandeira:
Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. Sem acréscimos na tarifa.
Bandeira amarela: condições menos favoráveis de geração. Acréscimo de R$ 0,01885 por kWh consumido.
Bandeira vermelha – Patamar 1: geração mais custosa. Acréscimo de R$ 0,04463 por kWh.
Bandeira vermelha – Patamar 2: geração ainda mais cara. Acréscimo de R$ 0,07877 por kWh.
Consumo consciente é reforçado pela Aneel
Com o retorno da cobrança extra, a Aneel destacou a importância de manter hábitos de consumo consciente para ajudar a reduzir a demanda e contribuir para a estabilidade do sistema elétrico.
“Ao acionar a bandeira amarela, a Aneel reforça que é crucial manter bons hábitos de consumo para evitar desperdícios e colaborar com a sustentabilidade do setor elétrico”, pontuou a agência.
Entre as recomendações para economizar energia, estão:
Evitar deixar aparelhos em stand-by;
Desligar lâmpadas e equipamentos que não estejam em uso;
Reduzir o tempo de banho com chuveiro elétrico;
Aproveitar a luz natural durante o dia;
Priorizar o uso de equipamentos com selo Procel de eficiência energética.
A previsão é que a Aneel continue monitorando a situação hidrológica e as condições de geração, podendo rever a bandeira tarifária nos próximos meses, de acordo com a evolução do cenário climático e energético.
