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Dólar bate novo recorde e vai a R$ 6,07 com dados fortes de emprego nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após três sessões de alívio, o dólar voltou a subir nesta sexta-feira (6) e terminou o pregão em alta de 1,11%, cotado a R$ 6,075, registrando seu maior patamar nominal da história.

A valorização refletiu dados de emprego mais fortes que o esperado nos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após três sessões de alívio, o dólar voltou a subir nesta sexta-feira (6) e terminou o pregão em alta de 1,11%, cotado a R$ 6,075, registrando seu maior patamar nominal da história.

A valorização refletiu dados de emprego mais fortes que o esperado nos Estados Unidos. O relatório “payroll”, um dos mais importantes do país, mostrou criação de 227 mil vagas de trabalho em novembro, número bem acima dos 200 mil postos esperados para o mês.

A taxa de desemprego, por outro lado, subiu para 4,2%, depois de se manter em 4,1% por dois meses consecutivos. A média de ganhos por hora aumentou 0,4%, após ter aumentado 0,4% em outubro.

Nos 12 meses até novembro, os salários avançaram 4%, mantendo o ritmo de outubro.

Os novos números indicaram um mercado de trabalho forte e em expansão, o que impulsionou ações e fortaleceu o dólar.

Ainda que o valor de R$ 6,07 seja recorde na base nominal —a que desconsidera a inflação do cálculo—, a maior cotação real foi atingida em setembro de 2002, na esteira da primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Corrigido pela inflação, o valor do dólar naquela ocasião seria hoje o correspondente a R$ 8,75.

A conta, feito pela consultoria Elos Ayta, considera a cotação da Ptax —a taxa de câmbio calculada pelo BC (Banco Central)— e ajustes pela inflação brasileira (IPCA) e norte-americana (CPI) até novembro de 2024.

No mercado de ações, a Bolsa brasileira despencava 1,31%, aos 126.178 pontos, após desempenho robusto na véspera, quando fechou com alta de mais de 1%.

O payroll é considerado um dos principais indicadores da saúde econômica americana.

Os dados não sinalizam uma mudança significativa nas condições do mercado de trabalho, o que permite que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) corte a taxa de juros novamente este mês.

“Como o resultado ficou alinhado às expectativas do mercado e dentro do esperado pelo Fed, a expectativa é de um corte de 0,25% nos juros americanos na reunião de política monetária prevista para 18 de dezembro”, afirma Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.

Para o analista e sócio da CMS Invest, Harrison Gonçalves, o dado de postos de trabalho acima do esperado coloca uma incógnita ao ritmo de cortes de juros pelo Fed. “Começa a haver dúvida em relação ao ritmo de corte de juros.”

O Fed usa os dados do payroll como referência para decisões sobre taxas de juros. Um mercado de trabalho aquecido pode levar a aumentos nas taxas para controlar a inflação.

No início desta sexta-feira, os mercados financeiros viam uma chance aproximada de 72% de um corte de 0,25% na taxa de juros na reunião de política monetária do banco central dos EUA em 17 e 18 de dezembro, segundo a ferramenta FedWatch da CME.

No Brasil, agentes financeiros partem para a próxima semana na expectativa de algum avanço das medidas fiscais, após a Câmara dos Deputados aprovar na quarta-feira regime de urgência para duas propostas do pacote de gastos.

O projeto de lei complementar que submete novas despesas ao arcabouço fiscal e o projeto de lei ordinária do pente-fino no BPC (Benefício de Prestação Continuada) foram os dois primeiros aprovados do pacote fiscal para votação em regime de urgência pela Câmara.

O regime de urgência elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação das propostas, o que traz um alívio para o mercado. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse esperar que os projetos sejam discutidos pelo plenário da Casa na semana que vem.

Para o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, a aprovação da urgência, ainda que com maioria apertada, é um sinal de que pelo menos parte do programa de contenção deverá ser aprovada no Congresso ainda este ano.

“Foi um fator importante de tranquilização dos investidores”, afirmou. “Os problemas fundamentais permanecem sem solução”.

Apresentado na última quinta-feira (28), o pacote de cortes de gastos prevê uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, mas decepcionou os agentes financeiros por excluir propostas de maior impacto nas contas públicas e por incluir a elevação para até R$ 5.000 na faixa de isenção do IR (Imposto de Renda).

A Fazenda estima que o aumento da faixa de isenção terá um impacto de cerca de R$ 35 bilhões na arrecadação federal. Isso será compensado, segundo Haddad, por uma alíquota mínima de 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

A apresentação das duas propostas ao mesmo tempo, em um momento de grande expectativa pela contenção de despesas, passou a mensagem de que a preocupação do governo é mais política do que econômica, o que afetou a segurança sobre os ativos brasileiros.

As medidas geraram grande estresse no mercado e levaram o dólar a bater recordes na base nominal —a que desconsidera a inflação —por quatro sessões consecutivas.

Nesta quinta-feira, o dólar operou abaixo de R$ 6 na maior parte do dia, pela primeira vez, desde o anúncio das medidas fiscais do governo, na semana passada. No entanto, ao fim da sessão, a moeda americana reverteu perdas e fechou com queda —pelo terceiro dia consecutivo— de 0,58%, cotada a R$ 6,008.