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Dólar cai pelo 3º dia consecutivo, e Bolsa dispara com regime de urgência para pacote fiscal

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar iniciou esta quinta-feira (5) em leve queda e operou abaixo de R$ 6 na maior parte do dia, pela primeira vez, desde o anúncio das medidas fiscais do governo, na semana passada. No entanto, ao fim da sessão, a moeda americana

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar iniciou esta quinta-feira (5) em leve queda e operou abaixo de R$ 6 na maior parte do dia, pela primeira vez, desde o anúncio das medidas fiscais do governo, na semana passada. No entanto, ao fim da sessão, a moeda americana reverteu perdas e fechou com queda de 0,58%, cotada a R$ 6,008.

Na mínima do dia, o dólar chegou a R$ 5,959, segundo dados da plataforma CMA. Os investidores monitoraram com otimismo a aprovação de regime de urgência de dois projetos relacionados às medidas de corte de gastos propostas pelo governo Lula (PT).

Já a Bolsa disparou e fechou com variação positiva de 1,40%, alcançando 127.857 pontos, impulsionada por ações da Eletrobras, que dispararam cerca de 6% após decisão relacionada à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), por ações do setor bancário e da Petrobras.

No cenário político, o projeto de lei complementar que submete novas despesas ao arcabouço fiscal e o projeto de lei ordinária do pente-fino no BPC (Benefício de Prestação Continuada) foram os dois primeiros aprovados do pacote fiscal para votação em regime de urgência pela Câmara.

O regime de urgência elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação das propostas, o que traz um alívio para o mercado. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse esperar que os projetos sejam discutidos pelo plenário da Casa na semana que vem.

“O mercado brasileiro segue em compasso de espera, com a política fiscal se mantendo como o principal foco de preocupação. Hoje, o dólar voltou a operar abaixo dos R$ 6,00, com um otimismo limitado após a aprovação de requerimentos de urgência na Câmara”, disse Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

“Apesar do avanço nos projetos, o calendário apertado e a complexidade política ainda levantam dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais do governo até o fim do ano”, acrescentou.

Apresentado na última quinta-feira (28), o pacote de cortes de gastos prevê uma economia de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, mas decepcionou os agentes financeiros por excluir propostas de maior impacto nas contas públicas e por incluir a elevação para até R$ 5.000 na faixa de isenção do IR (Imposto de Renda).

A Fazenda estima que o aumento da faixa de isenção terá um impacto de cerca de R$ 35 bilhões na arrecadação federal. Isso será compensado, segundo Haddad, por uma alíquota mínima de 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

A apresentação das duas propostas ao mesmo tempo, em um momento de grande expectativa pela contenção de despesas, passou a mensagem de que a preocupação do governo é mais política do que econômica, o que afetou a segurança sobre os ativos brasileiros.

As medidas geraram grande estresse no mercado e levaram o dólar a bater recordes na base nominal -a que desconsidera a inflação- por quatro sessões consecutivas.

Já as ações da Petrobras, da Eletrobras e do setor bancário impulsionaram a alta da Bolsa nesta quinta-feira.

A Petrobras confirmou a maior descoberta de gás da Colômbia, com a perfuração do poço marítimo Sirius-2, localizado a 77 quilômetros de Santa Marta, em lâmina d’água de 830 metros.

A perfuração, iniciada em junho deste ano, confirmou volumes de gás superiores a 6 trilhões de pés cúbicos, o que pode aumentar em 200% as reservas atuais da Colômbia, afirmou a Petrobras.

As ações da Petrobras, PETR3 e PETR4, tiveram forte alta nesta quinta, e fecharam com variação positiva de 1,48% e 0,99%, respectivamente.

As ações da Eletrobras ON (ELET3) chegaram a disparar a 6% na sessão do dia e fecharam com alta de 4,02%, cotada a R$ 36,46.

A Eletrobras anunciou que não está mais discutindo com a União a antecipação de recursos para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), medida que vinha gerando tensão no mercado.

A CDE é uma espécie de “superfundo” do setor elétrico, que banca uma série de políticas públicas e é custeada por meio da conta de luz.

Uma das condições que estavam na mesa era uma antecipação de recursos bilionários devidos pela Eletrobras para a CDE, o que ajudaria a aliviar a conta de luz dos consumidores. Segundo comunicado nesta quinta-feira, as conversas sobre esse tópico foram encerradas.

A notícia foi vista como positiva por analistas, que apontaram a possibilidade de a companhia pagar mais dividendos.

“Vemos a notícia como muito positiva não só porque indica que as negociações estão avançando, mas também porque pode permitir que a empresa pague dividendos maiores em um futuro próximo”, disse o Itaú BBA, em nota.

Já o Citi afirmou que o fato de a empresa não ter de antecipar novos aportes para aliviar o custo da energia “elimina quaisquer potenciais desembolsos de caixa”, dando mais visibilidade ao fluxo de caixa da Eletrobras, “o que poderia eventualmente abrir espaço para discussões sobre dividendos”.

Além disso, novos acordos estão sendo debatidos, incluindo a garantia de preservação dos artigos da lei de privatização da empresa, especialmente o limite de 10% no direito de voto de qualquer acionista. Essas notícias trouxeram alívio para os investidores, indicando maior estabilidade nas regras e nos contratos da companhia.

Além da Eletrobras, as ações dos principais bancos também contribuíram para o desempenho da Bolsa. Santander subia 1,77%, Itaú valorizava 2,14%, Bradesco PN avançava 1,36% e BTG Pactual registrava alta de 0,91%. O movimento reflete o bom desempenho do setor financeiro.

No contexto externo, investidores reagiam a novos dados que evidenciaram uma desaceleração gradual da economia dos Estados Unidos, o que permite um maior afrouxamento monetário pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) no próximo ano.

O governo americano informou que os pedidos de seguro-desemprego subiram para 224 mil na última semana -uma alta semanal de 9 mil e acima da projeção de 215 mil esperada.

Na próxima sexta-feira, as atenções devem se voltar para a divulgação do relatório de emprego de novembro. A expectativa é a de criação de 200 mil postos de trabalho no mês.