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Política em Foco

Eleição da OAB-ES mostra que a batida da renovação pode ser o ritmo de 2026

Com 53,8%, Érica Neves derrotou o atual presidente José Carlos Rizk e seu núcleo político.
A disputa para presidente da Ordem dos Advogados do Espírito Santo quebrou paradigmas e pode servir de modelo para as eleições de 2026.

Pela primeira vez na história, a Seccional do Espírito Santo terá uma mulher no seu comando. Trata-se da advogada Érica Neves, a nova presidente da OAB capixaba. Sua vitória não foi uma simples disputa, representou a quebra de paradigmas, afinal, ela derrotou o atual presidente, todo o aparato contrário e o núcleo político que abraçou e pediu votos para José Rizk, que estava há dois mandatos com a batuta nas mãos.

Destarte, a eleição da Ordem dos Advogados do Estado tem suas peculiaridades, devido à sua segmentação e outros aspectos particulares. No entanto, algumas lições podem ser consideradas, como a renovação de alguns quadros no âmbito político para 2026.

Vamos analisar algumas situações:

1. GOVERNO DO ESTADO: Reeleito em 2022, Renato Casagrande (PSB) não poderá disputar as eleições para governador e Paulo Hartung sabe que o momento não está propício para o continuísmo da alternância entre ele e Casagrande. Ou seja, a mudança de nome é quase certa no Palácio Anchieta, resta saber se também teremos novidades no modelo de governança. É digno de nota as movimentações do vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB), que tenta recuperar sua musculatura política de outrora e chegar fortalecido em 2026. Por fim, não devemos esquecer que estamos vivendo o tempo dos prefeitos reeleitos e bem avaliados nas maiores cidades da região metropolitana da Grande Vitória. A fusão de dois gestores dessa magnitude pode complicar os planos de muita gente.

2. VAGA PARA O SENADO: Alguns estão apostando que as duas vagas para senador serão divididas entre um representante da esquerda e outro da direita. O próprio governador Renato Casagrande já admitiu a possibilidade de concorrer, porém, outros nomes estão monitorando a oportunidade, como o deputado estadual e ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli (Republicanos), que teve seu nome “rifado” em 2022, e seu correligionário de partido, o ex-deputado e presidente da Assembleia Erick Musso. O PL deve investir pesado na candidatura do deputado federal Gilvan da Federal (PL). Por fim, ainda temos os senadores Fabiano Contarato (PT) e Marcos Do Val (Podemos) que devem apostar na difícil tarefa da reeleição. Todo esse cenário vai passar pelo crivo do eleitor, que a cada processo se mostra cada vez mais estreito e exigente.

3. DEPUTADO FEDERAL: Acredito que essa será uma das disputas mais acirradas, consequência da polarização entre a esquerda e a direita, onde o parlamento brasileiro se tornou a grande arena do conflito ideológico. Assim como em 2022, essa disputa exigirá posição clara da maioria dos candidatos, com pouco espaço para moderação. Os últimos acontecimentos políticos alimentam e apontam para essa tensão. Vale ressaltar o comportamento do senador Magno Malta nas eleições municipais que, apesar das críticas recebidas por não aderir às composições, internamente o PL conseguiu manter parte do vitorioso grupo de 2022, que elegeu cinco deputados estaduais, um federal e provocou o “inédito” segundo turno para a disputa do governo. Ou seja, o PL vem com um time que merece atenção e pode influenciar significativamente no preenchimento das dez vagas para deputado federal.

4. DEPUTADO ESTADUAL: Essa também será uma disputa frenética, apesar do voto passional, previsível e familiar que deve abocanhar uma boa parcela do eleitorado. Sem falar no grupo de deputados estaduais que estão há vários mandatos consecutivos no poder, uma espécie de “cadeira cativa”. Contudo, em 2022, a renovação atingiu 53% na Assembleia, um número expressivo e que pode aumentar, atingindo aqueles que possuem diversos mandatos. São 30 vagas divididas entre esquerda, direita, centrão, convencionais e segmentos, uma mistura que pode atrofiar o campo das propostas e o positivo debate.

Portanto, a “ruptura” política e administrativa que aconteceu na OAB do Estado pode evoluir para o campo político e criar novas perspectivas, com novas figuras e propostas de governo, sem desconsiderar a contribuição daqueles que passaram.

Os desafios e os paradigmas existem para serem quebrados, Érica Neves provou que é possível vencê-los!

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.