A duplicação das rodovias federais que cortam o Espírito Santo foi defendida como uma medida urgente por lideranças empresariais do Estado. Representantes de entidades como a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Fecomércio-ES e setores ligados ao turismo e à infraestrutura reforçaram que a falta de investimentos nas BRs 101 e 262 representa um entrave para o crescimento econômico capixaba.
O presidente da Findes, Paulo Baraona, lembrou que o traçado original da BR-262 entre Vitória e Belo Horizonte, inaugurado em 1968, permanece praticamente o mesmo. “A infraestrutura viária não acompanhou o crescimento do Estado”, destacou.
Em nota conjunta, o Sistema Fecomércio-ES (Sesc e Senac) afirmou que a ausência de duplicação eleva os custos logísticos, afeta o comércio, prejudica o escoamento da produção e compromete a competitividade das empresas locais. “Acompanhamos com atenção os debates sobre concessões e defendemos que a duplicação e manutenção da malha viária sejam tratadas como prioridade”, diz o texto.
Turismo e comércio afetados
O presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares), Rodrigo Vervloet, ressaltou que a duplicação vai além da segurança. “Com o dinamismo da nossa economia, a logística eficiente é essencial para garantir o crescimento contínuo”, disse.
Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, enfatizou a importância da BR-101. “Ela é o principal eixo por onde circulam produtos, turistas e moradores. Cerca de 80% do nosso turismo é rodoviário. A rodovia precisa estar à altura dessa demanda.”
Infraestrutura regional e obras em andamento
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, também destacou que a duplicação é estratégica para o desenvolvimento da região. “Ela reduz custos logísticos, impulsiona o escoamento da produção e amplia o acesso aos mercados.”
A Ecovias 101, concessionária responsável por 478,7 km da BR-101 entre Mucuri (BA) e Mimoso do Sul (ES), informou que 115,92 km já estão duplicados. A empresa trabalha na duplicação entre Guarapari e Anchieta, com 21 km já liberados para tráfego. A previsão é concluir as obras no segundo semestre de 2025.
Outro foco é o trecho Norte, entre os km 242 e 247, na Serra, incluindo melhorias no Contorno de Mestre Álvaro e áreas próximas à praça de pedágio.
Governo e leilão da concessão
O subsecretário estadual de Integração e Desenvolvimento Regional, Celso Guerra, disse que o Estado tem pouca influência sobre decisões nas rodovias federais. “A dificuldade está no fato de não termos domínio do processo decisório”, afirmou.
Ele lembrou que um novo leilão está previsto para 26 de junho. A Ecovias 101 assinou um acordo com a União e a ANTT para resolver pendências contratuais e permitir a publicação do edital para alienação de 100% das ações da empresa. O leilão será decidido pela proposta de menor tarifa de pedágio. Após a conclusão do processo, um aditivo será firmado com a nova concessionária.
