A Terra, nosso planeta, percorre um caminho ao redor do Sol, chamado de órbita. E demora aproximadamente 365 dias, 5 horas e 48 minutos. Esse é o movimento de translação, o responsável pela contagem do tempo em anos. Desde junho de 1995, o Planetário de Vitória promove a difusão do conhecimento científico sobre o Universo para crianças e estudantes de todas as idades.
O aniversário do Planetário este ano foi marcado pela estreia da sessão “Astronomia Cultural Tupinikim e Guarani”, que trabalha a percepção do céu e dos astros de acordo com os conhecimentos dos povos Guarani e Tupinikim do Espírito Santo. Essas etnias, de acordo com a estudante de Ciências Biológicas e planetarista Sâmela da Silva Santos, de maneira geral se baseavam nos movimentos dos astros para a realização de atividades como acordar, almoçar e caçar.
Quando olhamos para o céu, as constelações e mitologias envolvendo a nomenclatura que damos às estrelas, quase sempre, têm origem europeia. Mas ela não é a única que existe. Os povos Guarani, inclusive, criaram constelações ao longo do tempo que não utilizavam somente as estrelas, mas também as regiões mais claras e mais escuras do céu, como o rastro da nossa Via Láctea.
Você conhece a constelação da Ema, do Veado, ou do Homem Velho? Já viu a constelação da Anta, que deixa um rastro no céu noturno? Esses agrupamentos de estrelas e regiões celestes foram nomeados pelos Guarani, de acordo com a cultura dessa etnia.
“É uma sessão muito enriquecedora, gostei muito. Porque a gente sempre tem essa noção do céu visto por outros povos. Esse conhecimento dos nossos povos ancestrais não é difundido. É muito mais próximo de nós uma constelação da Ema, do Homem Velho, do que uma constelação de Pégaso, por exemplo. É quase como se fosse um avô, do avô do nosso avô contando como era o céu pra eles. Parabéns por essa sessão”, elogiou a professora Mariana Santos, que assistiu à estreia acompanhada do filho, João Lucas, de 8 anos.
A exibição tem como objetivos destacar a influência desses povos sobre a Terra; desconstruir a ideia de homogeneidade de uma cultura indígena única; conhecer aspectos das culturas indígenas para valorizá-los; além de apresentar algumas constelações indígenas. Seu foco é proporcionar a construção de uma ligação maior com o céu, mostrando um sentido de integração com a natureza, presente na cultura dos povos originários brasileiros.
Escolas presentes
Na sexta-feira (23), unidades de ensino da rede de Vitória estiveram no espaço que já faz parte da memória afetiva de muitas gerações de capixabas e de pessoas de todo o Brasil. As turmas do 6º ano A e B da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Zilda Andrade, que fica no bairro Da Penha, foram conhecer mais de perto o Sistema Solar, que eles estão estudando em sala de aula. Foi a primeira vez que os estudantes visitaram o Planetário.
“Muito bonito, eu gostei muito. O que eu mais gostei foi de ver a Terra e o Sol. Eu gostei de saber da atmosfera e das cores dos planetas também. É muito diferente quando a gente vê aqui, parece até que a gente está lá no espaço”, contou a estudante Rebeca Furtado.
“Eu achei ótimo, a gente aprendeu muito sobre os planetas. Muito legal aqui, é um lugar que todo mundo tem que vir aqui aprender também”, afirmou Levi Sales.
“Pra mim, foi muito legal, muita coisa que eu não sabia agora eu estou sabendo. Gostei de conhecer as camadas dos planetas, a atmosfera, as diferenças que têm entre eles. E eu não sabia que o sol era branco, que a luz e a atmosfera interferem em como a gente enxerga as cores”, detalhou Alice Alves.
À tarde, entre os visitantes, o Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Laurentina Mendonça Corrêa, localizado em Consolação, levou as turmas do grupo 5, que estão estudando o sistema solar na sala de aula. Ao entrar no Planetário, o reconhecimento dos planetas e a empolgação com o espaço foi imediata.
“A gente tá estudando sobre planetas. Eu vi os planetas, a Terra. O que eu mais gostei foi que Netuno é azul, que tem gases lá. E os anéis de Saturno também, que é feito de gelo e pedra”, explicou João Gabriel.
Quem também esteve no Planetário de Vitória foi a secretária de Educação, Juliana Rohsner.
“Ouvir esses depoimentos, ver a empolgação deles é muito gratificante. Pra gente é uma alegria receber crianças, estudantes e pessoas que gostam de Astronomia aqui no Planetário. Nós temos cinco Centros de Ciência, Educação e Cultura, que são espaços de encanto, de experimentar a Ciência, o conhecimento científico e isso faz toda diferença. Hoje estamos comemorando os 28 anos do Planetário. Aqui é uma experiência, é um dia que fica na memória. A aprendizagem aqui passa a ter muito mais sentido quando as crianças e os estudantes vivem essa imersão no conhecimento científico”, destacou a gestora.
O Planetário de Vitória é um dos Centros de Ciência, Educação e Cultura que busca cumprir sua missão de ensinar, divulgar e popularizar a Astronomia e as ciências correlatas ofertando para a população atividades diversificadas para crianças, jovens e adultos. É um espaço cultural e científico da cidade de Vitória que encanta gerações com sessões na cúpula e exposições temporárias. Além disso, realiza várias oficinas científicas para famílias e escolas.
As sessões para o público acontecem sempre às sextas-feiras do mês, a partir das 18 horas. A entrada é gratuita e não é necessário agendamento. Já as visitas pedagógicas para unidades de ensino precisam ser agendadas, o que deve ser feito por meio do site do Planetário.
Nesta sexta (30), às 18h tem a exibição de “Fantasma do Universo”, seguida da sessão “Da Terra ao Universo”. Logo depois, às 19h30, acontece mais uma atividade do projeto Ciência no Planetário. A palestra “O que são buracos negros?”, com Denis Campos Rodrigues.
Onde fica: Avenida Fernando Ferrari, 514, dentro do campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo.
Entrada gratuita.