
Foto: Divulgação/RSBR-Mar
O Espírito Santo passou a contar com duas estações sismográficas temporárias para monitoramento de terremotos e outros fenômenos sísmicos. Os equipamentos foram instalados nos municípios de Aracruz e Conceição da Barra, em uma ação conjunta entre o Laboratório de Neotectônica e Sismológico (Lanesi) da Ufes e o Laboratório de Geofísica Aplicada (LGA) do Observatório Nacional, sediado no Rio de Janeiro.
A estação de Aracruz, batizada de ARA01, foi instalada na Base Oceanográfica da Ufes, enquanto a estação de Conceição da Barra, chamada de ITA01, está localizada no Parque Estadual de Itaúnas, com apoio do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para garantir a preservação ambiental da área.
Segundo a professora Luiza Bricalli, do Departamento de Geografia da Ufes e integrante do Lanesi, as novas bases vão permitir a captação de dados mais precisos e estratégicos, essenciais tanto para pesquisas acadêmicas quanto para o planejamento de políticas públicas voltadas à prevenção de desastres e à ocupação territorial segura.
Espírito Santo já registra eventos sísmicos
A professora destaca que o Espírito Santo tem histórico de eventos sísmicos recorrentes. Entre 2019 e 2024, o Estado registrou três terremotos. Além disso, há deslizamentos de terra, enchentes associadas às mudanças climáticas e preocupação com o afundamento do solo, principalmente no Norte do Estado, por conta das especulações sobre a extração de sal-gema.
“Esses fenômenos representam riscos reais à população, especialmente em áreas urbanizadas ou mal planejadas. Democratizar o acesso à informação e compreender esses processos é essencial para a construção de políticas públicas eficazes”, reforçou Bricalli.
O monitoramento sísmico também contribui para mitigar impactos ambientais e sociais, equilibrando o desenvolvimento com a preservação ambiental.
Projeto nacional e monitoramento da Amazônia Azul
As estações capixabas fazem parte do projeto RSBR-Mar, da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), coordenado pelo pesquisador Sérgio Fontes, do Observatório Nacional. O objetivo é expandir o monitoramento sísmico para áreas costeiras e oceânicas, incluindo a chamada Amazônia Azul, que compreende o território marítimo brasileiro.
Atualmente, existem seis estações temporárias instaladas na costa Sudeste do Brasil. A expectativa é de que novos equipamentos sejam implantados nos próximos meses em locais estratégicos no continente e em ilhas do litoral do Rio de Janeiro e São Paulo.
O projeto ainda prevê a instalação de sismógrafos de fundo oceânico e hidrofones flutuantes, o que criaria um sistema inédito no país para o monitoramento de atividades sísmicas no mar.