CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – Os incêndios que devastaram Los Angeles, na Califórnia, entram no terceiro dia nesta sexta-feira (10), e o número de mortos subiu de cinco para dez. O fogo devorou quase 10 mil estruturas, enquanto os ventos secos do deserto que avivam as chamas reuniam força novamente, sem dar trégua.
O xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, afirmou anteriormente que esperava que o número de vítimas aumentasse. Nesta sexta, ele declarou toque de recolher noturno. “Não se pode estar nestas áreas afetadas. Se estiver, pode ser preso.” Nesta madrugada, 180 mil residentes deixaram suas casas. Outros 200 mil moradores estão sob alerta de retirada. A região está sob alerta vermelho.
O conjunto de incêndios, registrados desde terça-feira (7), já é considerado o maior da história de Los Angeles, onde os focos são comuns nesta época do ano. A área devastada corresponde a 137,5 km², mais que 9 mil campos de futebol e o fogo transformou bairros inteiros em cinzas.
Registros feitos na cidade desde terça revelam um cenário apocalíptico, composto por uma manta de fumaça, o céu tingido pelas labaredas e centenas de imóveis destruídos além de feridos e desabrigados.
Na quin ta (9), dois grandes incêndios florestais queimaram quase 10 mil casas e outras estruturas. Somente em Eaton foram perdidas entre 4.000 e 5.000 estruturas, enquanto em Palisades 5.300 estruturas estão danificadas.
Na noite de quinta para sexta, o fogo se alastrou e chegou perto de Calabasas e da rica região de Hidden Hills, lar de celebridades como Kim Kardashian, alimentado pelos ventos, mesmo com os bombeiros usando retardantes de fogo e água.
Hollywood, berço da indústria cinematográfica americana e que estava ameaçada pelas chamas, teve um alívio: o incêndio que afetava suas colinas foi controlado pelos bombeiros e a ordem de retirada foi suspensa pela manhã.
Na noite de quinta, a prefeita de Los Angeles, a democrata Karen Bass, chamou o pior incêndio da região de “tempestade de fogo perfeita” e falou em reerguer rapidamente a cidade. “Já estamos planejando reconstruir agressivamente a cidade de Los Angeles”.
Karen é alvo de críticas do presidente eleito Donald Trump e de outros republicanos, por, segundo dizem, sua forma de lidar com o desastre sem pontuar quais seriam os infortúnios na condução da crise.
Os danos econômicos superam US$ 135 bilhões (aproximadamente R$ 820 bilhões), segundo projeção da AccuWeather, que atua no ramo de prevenção a desastres. Estima-se que a tragédia incorrerá em custos crescentes com seguros residenciais nos próximos meses.
Nos últimos dias de mandato, o presidente Joe Biden que passará o bastão para Trump no próximo dia 20 prometeu que seu governo reembolsará 100% da recuperação pelos próximos 180 dias, contemplando custos para remoção de entulhos e materiais perigosos, construção de abrigos temporários e salários dos socorristas.
“Eu disse ao governador e às autoridades locais para não pouparem despesas, para fazer o que for preciso e conter esses incêndios”, disse Biden após se reunir com conselheiros na Casa Branca.
No total, cinco incêndios florestais ocorreram em Los Angeles. Há uma tendência à diminuição, uma vez que os ventos, agora, sopram menos intensos que nos dois primeiros dias.
Alguns moradores de Pacific Palisades se aventuraram e retornar para áreas já devastadas pelo fogo, onde restam apenas tijolos carbonizados e veículos queimados.
“Estamos vivos. É isso que importa”, disse o segurança Bilal Tukhi, destacando que a cena o lembrava de seu país natal, o Afeganistão, devastado pela guerra.
Aulas em escolas da cidade estão suspensas pelo segundo dia nesta sexta devido à fumaça, cinzas e partículas que contaminam o ar.
Equipes de combate a incêndio conseguiram controlar completamente o incêndio Sunset, em Hollywood Hills, depois que as chamas atingiram o topo do morro com vista para a Calçada da Fama da popular Hollywood Boulevard, na noite de quarta (8).
Os dois maiores incêndios em Palisades e Eaton formaram uma pinça ao redor da cidade tão enorme que era visível do espaço.
Um morador de Palisades, John Carr, 65, disse que desafiou as ordens de retirada e ficou para proteger sua casa. A empreitada de risco foi de sucesso.
“A casa foi construída por minha mãe e meu pai em 1960 e eu vivi aqui minha vida inteira, então há muitas memórias dela. E acho que eu devia isso a eles também, tentar o meu melhor para salvá-la.”
Carr disse que não havia equipes de bombeiros para ajudá-lo a tentar salvar as casas de seus vizinhos.