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Investigação aponta erro de PMs em abordagens com mais de 40 tiros que resultaram na morte de jovem no ES

A Polícia Civil concluiu que o assassinato do jovem Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, com 49 disparos, foi resultado de uma sequência de erros cometidos por policiais militares durante abordagens na madrugada do dia 1º de fevereiro, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. De acordo com o inquérito, o jovem foi confundido com suspeitos de um roubo ocorrido três dias antes, em outra cidade.

O caso foi investigado pela Divisão Especializada de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que analisou imagens de câmeras de segurança e ouviu testemunhas para estabelecer a cronologia das quatro tentativas de abordagem realizadas naquela noite.

Segundo relatos de amigos da vítima, Danilo ficou com medo de perder a carteira de motorista e, por isso, não obedeceu às ordens de parada. A investigação concluiu que houve falta de cautela, atenção e uso desproporcional da força por parte dos agentes envolvidos.

Foram indiciados o sargento Renan Pessimilio, o cabo Rodrigo de Jesus Oliveira e os soldados Eduardo Nardi Ferrari e Guilherme Martins Silva. Eles devem responder por tentativa de homicídio e podem ser levados a júri popular. Os militares também enfrentarão acusações por crime militar e quebra de disciplina.

Quatro abordagens em sequência

As abordagens aconteceram entre 00h07 e 00h20, após a PM iniciar buscas por suspeitos que abandonaram uma caminhonete durante um roubo. Danilo, que estava com amigos em uma distribuidora de bebidas, saiu do local dirigindo uma caminhonete branca.

A primeira tentativa de abordagem foi registrada por câmeras de segurança às 00h07. O veículo foi parado, e parte dos ocupantes desembarcou, mas Danilo e outro passageiro fugiram. Na segunda abordagem, novamente registrada por câmeras, o jovem deu marcha à ré e acelerou.

A terceira abordagem ocorreu às 00h11. Foi neste momento que os primeiros disparos aconteceram: dois policiais atiraram pelo menos cinco vezes contra o carro. Segundo depoimentos, os agentes alegaram legítima defesa, dizendo que acreditavam estar sob ameaça, mas imagens analisadas pela Polícia Civil mostram disparos mesmo após o veículo já ter passado.

Durante a fuga, um objeto foi lançado pela janela, mas não pôde ser identificado — a gravação da câmera que poderia auxiliar foi sobreposta. O amigo de Danilo que estava no veículo pulou do carro e se escondeu.

Na quarta e última abordagem, Danilo estava sozinho. Ele foi cercado e atingido por cinco tiros disparados por outra equipe da PM. A investigação aponta que os policiais agiram sob uma “legítima defesa ilusória”, acreditando estar diante de um suspeito armado.

Desdobramentos

A Polícia Militar informou que o inquérito foi enviado ao Ministério Público Militar. O Ministério Público do Espírito Santo também acompanha o caso e avalia as provas para decidir se manterá os indiciamentos ou se pedirá novas diligências.

A defesa dos policiais ainda não teve acesso ao relatório final, assim como a advogada da família da vítima. O caso segue em andamento na esfera criminal e militar.

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