Após uma década de espera, as obras da Fase 1 do Porto Central, localizado em Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo, começam na próxima quarta-feira (04), prometendo transformar a infraestrutura portuária do estado. O início das obras foi confirmado em anúncio feito na manhã desta segunda-feira (02) por representantes da TPK Logística e Polimix, responsáveis pelo projeto.
Com um investimento estimado de R$ 16 bilhões (cerca de US$ 2,9 bilhões), o Porto Central ocupará uma área de 2 mil hectares, equivalente a cerca de 100 estádios do Maracanã. A fase inicial do projeto será focada na retirada de vegetação de 65 hectares, um dos primeiros passos para a construção do complexo, que deverá estar concluído até o final de 2027.
A nova infraestrutura portuária se destaca pela sua localização estratégica, no centro da costa brasileira, o que facilita o acesso aos mercados internacionais e aos campos do pré-sal, além de possibilitar a integração com rodovias e ferrovias importantes. “O Porto Central será um ponto de referência para o setor portuário brasileiro, com um grande potencial de impulsionar a economia local e nacional”, afirmou Salomão Fadlalah, CEO do Porto.
Investimentos e Capacidades
Na primeira fase, o porto será voltado para o transbordo de petróleo, uma operação que envolve a transferência do produto entre dois navios atracados, utilizando mangotes (mangueiras específicas para líquidos viscosos). Essa atividade inicial terá um custo de R$ 2,9 bilhões, com as operações previstas para começar em dezembro de 2027.
No entanto, a visão do Porto Central vai além do petróleo. O projeto está planejado para abrigar terminais multipropósitos, atendendo a uma vasta gama de operações, como movimentação de granéis líquidos e sólidos, grãos, fertilizantes, gás natural e contêineres. A empresa também estuda a construção de um estaleiro para descomissionamento de navios, além de um hub para contêineres com capacidade para embarcações de até 25.000 TEUs.
Sustentabilidade e Responsabilidade Ambiental
O Porto Central tem adotado medidas desde 2020 para mitigar os impactos ambientais da construção, como o plantio de mais de 12 mil mudas de árvores nativas. A meta é chegar a 100 mil até o final da Fase 1. Além disso, a obra utiliza tecnologia avançada, como o Programa de Dragagem Adaptativa (PGDA), para minimizar os danos ambientais na fase de dragagem do canal de acesso.
A recuperação da fauna terrestre também é parte do projeto ambiental, com o resgate de espécies iniciado em novembro de 2024. As ações contam com a parceria de instituições como o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES).
Desafios e Oportunidades
Além dos aspectos técnicos, o Porto Central também se destaca por seu papel estratégico na economia nacional. Ao oferecer águas profundas, o porto será capaz de receber grandes embarcações, reduzindo custos logísticos para diversos setores. Além disso, a integração com a malha ferroviária e rodoviária facilitará o escoamento de cargas e ampliará a competitividade do Brasil no comércio internacional.
A empresa também se comprometeu a promover a sustentabilidade ao integrar operações de energias renováveis, como parques solares e eólicos offshore, e apoiar a transição energética com projetos de hidrogênio. Isso coloca o Porto Central como um centro estratégico para o futuro das energias renováveis e da descarbonização no Brasil.
O projeto é considerado prioritário no estado e foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, o que reforça seu potencial de gerar empregos, atrair novos investimentos e fortalecer a posição do Espírito Santo no cenário portuário e logístico do Brasil.