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Justiça considera paralisação de servidores do IBGE abusiva e clima de indignação se acentua

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A tensão entre servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a gestão do órgão, comandado pelo presidente Marcio Pochmann, aumentou nesta semana.

Descontentes com projetos da atual gestão, servidores agendaram para esta quinta (31) uma paralisação em uma das unidades

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A tensão entre servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a gestão do órgão, comandado pelo presidente Marcio Pochmann, aumentou nesta semana.

Descontentes com projetos da atual gestão, servidores agendaram para esta quinta (31) uma paralisação em uma das unidades do instituto que fica na avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro, além de protestos espalhados por outros endereços no país.

A direção do IBGE, por sua vez, acionou a Justiça para barrar a paralisação, anunciada pelo núcleo Chile da Assibge, entidade sindical que representa os trabalhadores.

O instituto anunciou na manhã desta quinta uma liminar (decisão provisória) do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), que determinou ao sindicato garantir as divulgações de dados previstas para o dia.

A decisão, assinada pelo desembargador André Fontes, chega a falar em “caráter abusivo da greve”.

O calendário do IBGE tinha nesta quinta a publicação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que traz informações como a taxa de desemprego do país, além de pesquisas como a Munic e a Estadic, que analisam a estrutura de municípios e estados. As divulgações ocorreram pela manhã nos horários marcados.

Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, afirmou a jornalistas que os dados da Pnad Contínua não sofreram impactos dos atos desta quinta. A técnica abriu a entrevista de divulgação da Pnad tocando nesse assunto.

Ela afirmou que a coletiva estava sendo realizada como “forma de cumprimento de uma meta institucional” e falou em “preservar a equipe técnica da coordenação de pesquisas domiciliares, face aos últimos encaminhamentos administrativos da direção do IBGE”.

“Todo o material [da Pnad] encontra-se disponível no site e na agência de notícias do IBGE. Qualquer dúvida relativa às reivindicações dos trabalhadores do IBGE, orientamos procurar o sindicato do IBGE, que está promovendo manifestações em diversos núcleos estaduais por todo o país”, declarou.

A Assibge manteve atos espalhados pelo país e disse que a paralisação marcada para a unidade da avenida Chile, no Rio, não afetou a divulgação das pesquisas.

Em nota publicada em seu site, a entidade declarou que os trabalhadores não serão intimidados e que a gestão Pochmann “distancia-se um pouco mais do diálogo que não hesita em anunciar como virtude”.

Um dos pontos que irritaram os servidores foi a criação de uma fundação vinculada ao instituto, a IBGE+, que poderá fazer pesquisas para órgãos públicos ou privados.

A Assibge afirma que o novo organismo, apelidado de “IBGE paralelo”, foi planejado sem diálogo com os funcionários.

A diretoria do IBGE rebateu as críticas recentemente e afirmou que as acusações de autoritarismo são “infundadas”.

Outro ponto que desagradou aos servidores foi o projeto de mudança da unidade da avenida Chile para um prédio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) no Horto, zona sul do Rio. O novo endereço é considerado de difícil acesso via transporte público.

A gestão Pochmann argumenta que os custos com aluguel de prédios pesam no orçamento do IBGE. Já declarou que, com a possível desocupação do imóvel na avenida Chile, usará recursos para melhoria de endereços próprios.

As instalações dessa unidade no Rio abrigam as duas principais diretorias do instituto: Pesquisas e Geociências. A Diretoria de Tecnologia da Informação também fica na avenida Chile.