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Menino autista do Espírito Santo descobre na criação de abelhas uma forma de se comunicar e se socializar com o mundo

Com apenas 11 anos, Geraldo Enrico Tigre Herzog dá uma verdadeira aula sobre abelhas-sem-ferrão. Fascinado pelas espécies Jataí, Mandaçaia e Uruçu Capixaba, o garoto demonstra um conhecimento admirável sobre esses pequenos insetos — que se tornaram parte fundamental de sua vida. Diagnosticado com autismo, ele encontrou nas abelhas um caminho especial para se comunicar e se integrar socialmente.

O interesse de Geraldo pelas abelhas ultrapassou os limites de sua casa e chegou até a clínica onde realiza terapias, em Vitória. Há cerca de um ano, ele levou para o local uma caixinha de madeira com abelhas-sem-ferrão. A intenção foi compartilhar o encantamento que sente pelos insetos com colegas e profissionais, contribuindo com o ambiente terapêutico de forma afetuosa e criativa.

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta quarta-feira (2), a história de Geraldo mostra como temas de interesse podem ser potentes aliados no desenvolvimento de pessoas atípicas, promovendo habilidades socioemocionais e favorecendo a interação com o mundo ao redor.

Um amor que venceu o medo

Geraldo é filho de Germanni Baptista Herzog, funcionário público e meliponicultor desde 2018. O pai conta que, inicialmente, o menino tinha medo de abelhas, mas isso mudou com o tempo e o convívio.

“O Gegê tinha pavor. Mas começou a acompanhar minhas reuniões da associação de meliponicultores, foi se aproximando e hoje é até um associado mirim”, relembra Germanni, que integra a Associação de Meliponicultores Capixabas do Espírito Santo (Amecap-ES).

Hoje, o garoto participa ativamente dos cuidados com as abelhas no sítio da família. Ele ajuda na manutenção das caixas, na multiplicação das colmeias e no acompanhamento das colônias. Durante uma entrevista, falou com entusiasmo sobre as características de cada espécie, mostrou o mel produzido na caixinha instalada na clínica e fez questão de apontar onde estava a abelha rainha.

“Sou muito feliz em ficar perto das abelhas. Elas saem da caixa e voltam sozinhas. Não têm ferrão, então não picam, não são perigosas. A gente só precisa ter coragem e amor com elas”, disse, com brilho nos olhos, o garoto, carinhosamente chamado de Gegê.

Ferramenta de conexão

A psicóloga Anna Maria Cunha acompanha Geraldo desde os primeiros anos de vida e lembra que o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi confirmado aos seis anos. Desde então, a equipe terapêutica tem trabalhado de forma contínua no estímulo das áreas de desenvolvimento mais sensíveis.

Segundo Anna, atualmente o foco das terapias está voltado às habilidades sociais, tão importantes nesta fase de transição para a adolescência.

“Agora trabalhamos questões como aprender a esperar, interagir melhor com os colegas e se comunicar de forma mais assertiva em diferentes situações. As abelhas, sem dúvida, se tornaram uma ponte para o mundo. Elas ajudam o Geraldo a se conectar com os outros e com ele mesmo”, destacou a psicóloga.

A história de Gegê reforça a importância de identificar e valorizar os interesses de pessoas com TEA. No caso dele, as abelhas-sem-ferrão se tornaram símbolo de afeto, superação e inclusão.

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