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Mortes no trânsito superam homicídios no ES e expõem nova urgência em políticas de segurança viária

Créditos: Freepik

Pela primeira vez desde o início da série histórica, o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito superou o total de homicídios no Espírito Santo. Os dados são do estudo mais recente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), com base em registros de 2024. No ano passado, 980 pessoas morreram em acidentes nas vias capixabas, enquanto 852 foram vítimas de assassinatos.

Esse é o maior número de mortes no trânsito desde 2017 no Estado e revela um novo e preocupante desafio para a segurança pública: a violência sobre rodas. O levantamento alerta para a necessidade urgente de reorientação de políticas públicas, voltadas não apenas para o combate ao crime, mas para a preservação da vida no trânsito.

Motos lideram os casos fatais

Entre os tipos de acidentes, motos continuam sendo os principais vilões, correspondendo a 52% das mortes — envolvendo tanto condutores quanto passageiros. Em seguida aparecem acidentes com carros (17%) e atropelamentos de pedestres (14%).

A pesquisa revela ainda que homens jovens, com idades entre 25 e 34 anos, representam 84% das vítimas fatais. A maioria dos acidentes acontece em ambiente urbano, com 61% dos registros ocorrendo em rodovias estaduais.

Finais de semana e meses críticos

Os acidentes fatais se concentram principalmente entre sexta-feira e domingo, com destaque para o sábado, que sozinho responde por 19,08% das mortes. O estudo aponta que o aumento de circulação nas estradas, combinado com consumo de álcool e imprudência ao volante, são fatores determinantes.

Os meses de maio e setembro foram os mais letais em 2024, com 114 e 96 óbitos, respectivamente.

Pedestres também em risco

Um dado que chama atenção é o aumento das mortes de pedestres, cuja taxa já se aproxima do número de motoristas mortos. Em 2024, 14% das vítimas fatais eram pedestres, enquanto 17% eram motoristas — o que reforça a urgência de melhorias na sinalização, calçadas e travessias seguras.

Em Vitória, os números são ainda mais alarmantes: a capital lidera tanto em mortes por atropelamentos (133,8 por mil km) quanto em acidentes de moto (36 mortes por mil km de extensão viária).

“Vitória não tem nenhuma BR que a corte, o que evidencia que o problema está nas vias urbanas e não nas rodovias federais”, explicou Pablo Lira, diretor do IJSN.

Cidades com mais mortes no trânsito em 2024

  1. Serra – 69 mortes

  2. Vila Velha – 48

  3. Vitória – 47

  4. Cariacica – 46

  5. Colatina – 45

  6. São Mateus – 44

  7. Cachoeiro de Itapemirim – 40

  8. Linhares – 34

  9. Guarapari – 31

  10. Aracruz – 28

Causas e soluções

Entre os principais fatores que contribuem para a tragédia nas estradas estão:

  • Falta de sinalização adequada

  • Excesso de velocidade

  • Consumo de álcool

  • Uso de celular ao volante

  • Problemas estruturais nas vias

A gravidade dos dados impulsionou a criação do Comitê para a Preservação da Vida no Trânsito, iniciativa que reúne representantes do governo estadual, municípios e sociedade civil. O objetivo é planejar ações coordenadas, como campanhas educativas, fiscalização reforçada e investimentos em infraestrutura viária.

Um novo desafio para a segurança pública

O diretor do IJSN lembrou que o Espírito Santo já enfrentou uma grave crise de homicídios — com 2.034 assassinatos em 2009 — revertida por meio do Programa Estado Presente, que investiu em inteligência, integração e planejamento estratégico.

“Agora é hora de aplicar o mesmo empenho no combate à violência no trânsito. De 2010 para cá, as mortes no trânsito cresceram não só no ES, mas em todo o país. É preciso inovar, adaptar e agir com a mesma firmeza com que enfrentamos a violência criminal”, destacou Pablo Lira.

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