BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Na véspera do dia da posse presidencial na Venezuela, oposição e regime convocaram protestos pelo país para esta quinta-feira (9) que ampliaram o clima de tensão em uma semana na qual a repressão já se acirrou na ditadura chavista.
Opositores começaram a marchar às 11h (10h locais) em Caracas e capitais estaduais. Mas relatos, vídeos nas redes sociais e informações dos poucos jornais independentes que ainda operam no país dão conta de que o tamanho das manifestações foi bem aquém do esperado.
A oposição é liderada por María Corina Machado, que hoje está clandestina, mas prometeu que irá às ruas. “Não tenho outra opção”, disse ela, ameaçada de prisão pelo regime. Três horas após o início das mobilizações, ainda não havia notícias de sua participação.
Enquanto isso, o ditador Nicolás Maduro acionou nesta quarta-feira (8) o que chama de Órgão de Direção de Defesa Integral, na prática o empoderamento de todas as forças de segurança, dos militares às milícias civis armadas, para atuarem em conjunto até esta quinta-feira.
Nas principais ruas e praças do país havia dezenas de homens em motos enviados pelo regime para tentar dissuadir aqueles que pensavam em participar de mobilizações opositoras. São membros dos chamados “coletivos”, milícias de civis autorizadas pelo regime para atuar como uma espécie de órgão de segurança.
Em um cenário no qual a incerteza já reina, o opositor Edmundo González, o nome que concorreu contra Maduro em 28 de julho e que teria vencido com mais de 60% dos votos segundo projetos de checagem, encontra-se na República Dominicana.
González passou também pelo Panamá, pelos Estados Unidos, pelo Uruguai e pela Argentina, todos países nos quais se encontrou com os respectivos presidentes, que lhe deram apoio e o reconheceram como presidente eleito, em um giro pelas Américas para buscar respaldo nos vizinhos.
Da ilha de Hispaniola ele promete que irá à Venezuela nesta sexta-feira (10) para tomar posse. É uma afirmação vista como fantasiosa por muitos analistas independentes, e também por questões de segurança a oposição não deu detalhes. Mas ex-presidentes da região dizem que acompanhariam González na empreitada. O regime afirma que prenderá o opositor e qualquer outro que entrar no país para esse fim.