RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) estima que a regulamentação do projeto de lei das eólicas offshore, aprovado nesta quinta-feira (12), deve destravar US$ 2 bilhões (R$ 12 bilhões) em investimentos no país, principalmente na região Nordeste.
Esse seria o valor previsto para os primeiros projetos, disse nesta segunda (16) o presidente da entidade, Roberto Ardenghy. A expectativa é que sejam leiloados pelo governo entre 2026 e 2027. “Vemos esse setor com muito otimismo”, afirmou.
O projeto ainda depende de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de regulamentação do MME (Ministério de Minas e Energia), o que deve ocorrer ao longo de 2025, disse Ardenghy em encontro com jornalistas na sede da entidade.
As petroleiras têm grande interesse nesse segmento, que têm sinergias com a exploração e produção de petróleo em alto-mar. Em março, a Petrobras e a norueguesa Equinor, por exemplo, anunciaram parceria para avaliar sete projetos de eólicas offshore no Brasil.
Já existem hoje diversos pedidos de licenciamento ambiental para exploração de energia eólica em alto-mar, que em alguns casos conflitam com poços de petróleo, cabos de internet, habitat de baleias e tubarões, rota de aves e abrigos de animais ameaçados, como a Folha mostrou.
Ceará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul concentram a maior parte dos pedidos, que têm sobreposição entre si –mais de 20% das áreas são disputadas por mais de uma empresa.
Ardenghy diz que uma série de plataformas de produção de petróleo que seriam desativadas na região Nordeste podem ser usadas como base para a instalação das gigantescas turbinas eólicas. Isso reduziria custos tanto da desmobilização das plataformas quanto da implantação dos novos projetos.
“É um movimento que faz mais sentido no curto prazo”, disse o presidente do IBP. “Se podemos transformar aquelas unidades em base para a produção de eólica offshore, faz todo o sentido econômico”, completou.
O projeto de lei foi aprovado com jabutis que podem gerar um impacto de até R$ 440 bilhões na conta de luz, por meio de subsídios. Segundo a consultoria PSR, isso significaria um aumento de 7,5% na conta nestes anos.
São benefícios a energias renováveis e aos setores de gás natural e carvão, cujos lobbies vinham tentando emplacar há tempos emplacar a concessão de subsídios.
Ardenghy disse que o IBP lutou no Congresso para aprovar o projeto, apesar das “matérias estranhas” ao texto original. “Queremos o projeto da eólica offshore e, se tiver que vir acompanhado de matérias estranhas, faz parte do processo legislativo. Não seremos nós a dizer o que pode ou não pode.”