Um jovem parlamentar de apenas 27 anos emplacou o conteúdo político mais visto na história do Instagram no Brasil, superando até mesmo as estratégias extravagantes veiculadas na grande mídia tradicional. O efeito foi tão devastador que obrigou o governo a revogar as novas normativas do Pix.
Sem querer entrar no mérito da questão do certo ou errado, nosso foco é o poder da comunicação política, onde uma narrativa bem construída, aliada à “exploração” do sentimento coletivo, é responsável por resultados implacáveis. No caso da polêmica sobre o Pix, Nikolas Ferreira explorou o medo, a revolta, a insatisfação e a dúvida, e o resultado foi bombástico – uma avalanche tão volumosa que “intimidou” a cúpula governista.
Comunicação e velocidade são dois elementos inseparáveis, e esse foi outro fator determinante para o gigantesco sucesso: a hora certa, uma leitura e gerenciamento de detalhes que muita gente ignora. Por isso, não adianta somente saber dos fatos sem interpretar o sentimento e o momento certo de otimizá-los; pois, nesses casos, fato e tempo são essenciais para o sucesso da comunicação política. Foi assim que Nikolas criou uma expectativa alarmante que levou os brasileiros a cobrarem do governo uma explicação do tema, fazendo muita gente refletir e replicar sua fala.
E o governo? Demorou demais para contrapor a narrativa do jovem deputado, deixando um conteúdo de impacto nacional sem a mínima resposta, acreditando na diluição natural dos ataques – um erro mortal. Além de subestimar o jovem deputado e os efeitos de sua narrativa, o governo não se adiantou e não foi preventivo. Comunicação política é muito mais que um momento; é um apanhado de possibilidades favoráveis e contrárias, uma conjugação de todas as consequências dos atos públicos. Faltou a resposta certa na hora certa.
E agora, qual será o contraveneno para conter essa avalanche criada pelo deputado Nikolas Ferreira? Não existe antídoto, pois tudo que o governo tentar desconstruir daqui pra frente será em vão ou choro de perdedor. Além disso, o debate de 2026 foi adiantado, e o governo largou quilômetros atrás nessa estudada corrida da comunicação política, uma arte que vem mudando a cada pleito, e quem não se atualizar vai ficar cada vez mais nas últimas posições.
Enfim, descobrir e explorar o sentimento coletivo dos eleitores é primordial, porque as disputas eleitorais estão gradualmente mais científicas e estreitas, sem espaço para os sensitivos de plantão.