SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quem criou o DeepSeek, Boeing sela um dos piores anos de sua história com prejuízo de US$ 11,8 bilhões e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (29).
**QUEM MANDA NA DEEPSEEK?**
Na segunda-feira (26), uma empresa de inteligência artificial chinesa chamada DeepSeek abriu um buraco de quase US$ 600 bilhões (R$ 3,5 trilhões) em valor de mercado na Nvidia e de US$ 1 trilhão (R$ 5,86 trilhões) somando as rivais.
O mercado foi surpreendido pela ascensão de um sistema de IA de capacidade semelhante aos criados por empresas ocidentais, mas com um custo muito menor.
Quem teve essa ideia? Liang Wenfeng, 39, engenheiro formado pela Universidade de Zhejiang, que fica em Hangzhou, região apelidada de Vale do Silício chinês. Lá, o fundador diz ter se convencido de que a IA “mudaria o mundo”.
Wenfeng se define como mais um nerd do que um guru. Em 2015, fundou a High Flyer, uma empresa especializada no uso de IA para analisar tendências do mercado de ações.
Gerindo dezenas de milhares de yuans, os fundos da companhia tiveram um retorno de 151% de 2017 a 2024, cerca de 13% ao ano.
A estratégia gerou a grana que ele precisava para começar a investir na construção de conjuntos de computadores avançados chamados de clusters necessários para a estrutura dos chatbots, estilo de IA da DeepSeek e do ChatGPT.
TECNOLOGIA DOS EUA?
Sim e não. Ele comprou processadores gráficos da americana Nvidia, mas o raciocínio e a construção da plataforma são de origem chinesa.
A grande diferença, segundo analistas ouvidos pelo Financial Times, é que a DeepSeek tem como objetivo compartilhar as descobertas, em vez de protegê-las.
Os modelos da companhia têm o código aberto para uso de programadores e pesquisadores, o que não é o caso das IAs da OpenAI e da Meta, por exemplo.
BOCA FECHADA
A DeepSeek reconhece que foi programado para fornecer respostas de acordo com a posição oficial do regime chinês, segundo reportagem da AFP.
Quando questionada sobre temas sensíveis sobre o país, ele pede para falar sobre outra coisa.
**UM ANO DE CRISE PARA A BOEING**
A Boeing passou por maus bocados em 2024, desde falhas menores até acidentes com vítimas. Os obstáculos ficaram evidentes no balanço trimestral da empresa, divulgado ontem.
Ela teve um prejuízo anual de US$ 11,8 bilhões (R$ 69,1 bilhões) no ano anterior, o maior desde a pandemia da Covid-19.
2025 mal havia começado quando uma das portas de um Boeing 737 Max 9 foi ejetada em pleno voo operado pela Alaska Airlines, em 5 de janeiro. Não houve vítimas.
Segundo investigações de órgãos dos EUA, os parafusos que seguravam a porta haviam sido retirados durante um conserto na fábrica da Boeing e não foram colocados de volta.
O ocorrido levou à suspensão momentânea de voos com o Boeing 737 Max 9 nos Estados Unidos e no Brasil.
ESCRUTÍNIO
Investigações da FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) trouxeram à tona problemas nas fábricas irregularidades na construção das aeronaves e pressão para rapidez nas linhas de produção.
Na época, a empresa disse que tomaria as medidas necessárias para melhorar a qualidade e a segurança, mas o caos já estava instaurado.
PROBLEMAS NO ESPAÇO
Em junho, ela lançou uma missão tripulada na cápsula espacial Starliner, levando astronautas da Nasa para a ISS (Estação Espacial Internacional).
Logo depois da chegada ao destino, vazamentos e falhas no veículo foram revelados e os passageiros não puderam retornar nela. Os astronautas estão no espaço aguardando uma carona da SpaceX em 2025.
GREVE
Os funcionários da Boeing paralisaram a produção de setembro a novembro a adesão foi de 96% da equipe.
Eles discordavam de um novo contrato de trabalho proposto pela empresa e pediam aumento salarial e de benefícios.
Em meio aos protestos, a empresa cortou 17 mil empregos.
O ano terminou com um acidente fatal que matou 179 pessoas no Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul.
O Boeing 737 Max 8 chocou-se contra uma parede do terminal e explodiu devido a uma falha no trem de pouso.
MUDA TUDO
Em agosto, a companhia trocou o CEO e vários executivos. Dave Calhoun saiu da cadeira presidencial e deu lugar a Kelly Ortberg, veterano da indústria aeroespacial.
A ideia é (tentar) ter um ano mais tranquilo em 2025.
**X-TUDO**
Elon Musk comprou o Twitter e transformou-o em X por alguns motivos. O mais evidente, reduzir a moderação das publicações e as barreiras para falas de sua ala opinativa. Tonar-se um app de tudo também estava nos planos.
O X selou um acordo com a Visa, segundo uma fonte disse à Reuters, para oferecer uma carteira digital e transações financeiras na rede.
PRIMEIRA PARCEIRA
A Visa deve participar da X Money, plataforma por meio da qual os usuários poderão depositar dinheiro instantaneamente em uma carteira digital e conectar cartões de débito para pagamentos.
No mundo ideal de Musk, você poderá comprar itens vistos em uma propaganda dentro do aplicativo sem sair dele, por exemplo. Ou transferir dinheiro para algum colega de rede.
Vai dar certo? Pode dar, mas a adesão do público ainda é uma questão.
Nos países ocidentais, as pessoas estão acostumadas com apps de serviço único. Clientes não gostam de sentir que são dependentes demais de uma única empresa, disse Dan Prud’homme, professor da Universidade Internacional da Flórida, ao New York Times.
Parece que ele [Elon Musk] vai construir uma sacola de diferentes funções e forçá-la à sua base de usuários, disse Chris Messina, empresário de tecnologia, ao mesmo jornal.
Antes de Musk. O bilionário não foi o primeiro a ter uma ideia do tipo. Em alguns países da Ásia, os superaplicativos já existem e tiveram boa adesão do público: o WeChat na China, o Line no Japão e o KakaoTalk, na Coreia do Sul.
O X conectará você de maneiras que nunca imaginou serem possíveis em 2025. X TV, X Money, Grok e muito mais, escreveu a CEO da rede social, Linda Yaccarino, em dezembro de 2024.
**OS INTERESSADOS**
Os novos projetos de concessões de ferrovias desenhados pelo Ministério dos Transportes serão submetidos a uma primeira rodada de conversas com investidores interessados em entrar na empreitada.
As primeiras reuniões para apresentar os projetos vão acontecer nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro e vão colocar na mesma mesa representantes de empresas e investidores, integrantes do governo e do BNDES.
QUEM SÃO?
A Folha de S.Paulo apurou que 19 companhias já estão com encontros confirmados para saber mais sobre os projetos.
Do Brasil: Rumo Logística, VLI, Grupo CCR, MRS Logística, Vale, Arteris, Prumo, Portonave, BTG Pactual, XP Asset, Opportunity, Pátria Investimentos e Prisma Capital;
– Da China: CRCC (China Railway Construction Corporation, estatal das ferrovias) e Concremat/CCCC, que reúne Brasil e China;
– Dos Emirados Árabes Unidos: Mubadala Capital, uma das principais investidoras em infraestrutura do país;
– Da Espanha: Acciona e Sacyr.
Começa por onde? Pelo Anel Ferroviário do Sudeste, nome mais cativante da EF-118. O traçado previsto tem 300 km e liga Vitória (ES) a Itaboraí (RJ).
Ele vai conectar a malha da Ferrovia Vitória-Minas (EFVM), da Vale, à rede operada pela MRS Logística, chegando ao complexo portuário do Comperj, no Rio de Janeiro.
Quem levaria a melhor nessa seria a MRS: ela já opera um grande volume de exportações pelos portos de Itaguaí e Santos, o acesso ao porto de Vitória oferece uma nova alternativa estratégica para escoar as cargas.
Ao todo o pacote prevê a oferta de aproximadamente 4.700 km de ferrovias para a iniciativa privada. A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos de cerca de R$ 100 bilhões.
Para garantir a viabilidade das operações, o governo pode entrar com o equivalente a 20% de cada projeto.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
O preço do minério de ferro deve permanecer estável em 2025. Isso pode não ser do agrado da Vale, que perdeu mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado no ano passado devido ao patamar baixo dos preços da commodity.
Integrantes do PT defendem taxar exportações do agro como forma de reduzir o preço dos alimentos. Na visão dessa ala do partido, é a única medida com potencial de forçar a queda.
A nova taxa Selic sai hoje. No fim da tarde, termina a primeira reunião do Copom do ano. A expectativa é que os juros subam um ponto percentual.
Buggies geram disputa judicial envolvendo grupo alemão e um empresário artesanal do Ceará.