A pesquisa do Datafolha divulgada hoje (14) trouxe números alarmantes para o governo federal. A reprovação de Lula chegou à casa dos 41%, a maior registrada desde o seu primeiro mandato.
Alguns detalhes precisam ser analisados, ainda que sejam apenas detalhes.
Vamos lá:
1° Oposição da Direita: A direita brasileira assumiu sua personalidade política e aprendeu a fazer oposição. Décadas atrás, a esquerda era praticamente a única voz que se levantava e apontava o dedo. Agora, a direita vem se orquestrando e questionando pontualmente os atos do governo petista. É aquela velha história: “o feitiço virou contra o feiticeiro”.
2° Ponto Econômico: O fator econômico é o grande desafio do governo Lula. Parece que a equipe econômica errou o tiro, mirou no mercado e acertou o trabalhador que frequenta diariamente o supermercado. Aliás, a sensação de quem faz compras constantemente é assustadora, um aclive inflacionário que vem derretendo o assalariado e encolhendo o poder de compra da classe média. Esse trauma aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff, no seu segundo mandato.
3° Lula e os Pobres: Pela primeira vez, o rótulo de “pai dos pobres” está desbotando. Com a direita fazendo oposição à pauta econômica, a pesquisa Datafolha mostrou que, entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, a aprovação caiu de 44% para 29%, e entre os brasileiros que têm até o ensino fundamental, a queda foi de 15 pontos percentuais, saindo de 53% para 38%.
Esses números mostram que a estratégia da direita de desconstruir o título de “pai dos pobres” está dando certo, com possibilidades de crescer ainda mais. Ou seja, Lula está perdendo aquilo que ele tem ou pensava que tinha, a fé do povo.
4° Pix e Empreendedorismo: A polêmica sobre a “taxação” do Pix vai muito além da questão econômica; é uma pauta sobre contextualização social, leitura política e conexão com a realidade de grande parte dos brasileiros. Novamente, a direita brasileira soube colocar o vento a seu favor, atitude que levou o governo a recuar, uma “admissão de culpa” com efeito devastador, indicando que Lula precisa sair da contemplação de 2003 a 2010.
O mundo mudou muito de lá pra cá, a juventude brasileira conheceu a palavra “empreendedorismo”, e o Pix funcionou como uma espécie de “novo Plano Real” da direita. Por isso, atacar o Pix é quase o mesmo que atacar o real, um pilar que outrora controlou a inflação e remodelou a economia brasileira.
A esquerda desaprendeu a ler o Brasil e não tem mostrado capacidade de interpretar o “novo” brasileiro.
5° Reflexo 2026: O que realmente está inflamando como o sol, é a disputa eleitoral do próximo ano, e essa reprovação recorde de Lula vai ecoar gradualmente. Enquanto a esquerda bambeia e pede tempo nas cordas, a direita, de forma implacável, não dá trégua e aumenta o volume das críticas. A contrapartida do PT para reconquistar sua popularidade talvez seja a ampliação do programa “Vale-Gás”, que tem metas para atender 20 milhões de famílias até o final deste ano, uma tacada com cheiro do velho clientelismo.
No entanto, a realidade é que a esquerda e parte dos seus fiéis aliados estão enfraquecidos e podem chegar bem desidratados em 2026, ano eleitoral, uma canseira tão nítida como o asmático da praça.
6° Fator Argentina: Para concluir, não vão faltar comparações entre Brasil e Argentina, no qual o sucesso do presidente Javier Milei representa o insucesso de Lula, pelo menos na leitura da oposição. Sim, a direita está focada em propagar os números positivos da economia vizinha, que em 2023 herdou a inflação acima dos 200%, uma das maiores do planeta, e que agora, em janeiro de 2025, atingiu 2,2%, fechando abaixo dos 100%.
Obviamente, estamos falando de países com realidades econômicas distintas; contudo, a maioria da população brasileira não conhece e não está interessada em pesquisar essas diferenças. Lembrando que estamos falando de uma disputa limitada aos olhos e aos ouvidos.
Enfim, essa pesquisa é uma “boca de tubarão” para o governo e um grande estímulo para a oposição, no caso, a direita. Resta saber se a direita não vai sabotar a própria direita, uma divisão que ameaça o hoje e o amanhã. A esquerda vai precisar se reinventar rapidamente, caso contrário, o processo de asfixia econômica continuará seu impiedoso curso.
2026 está gritando, e o bolso do trabalhador também!