SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O suspeito de matar em Nova York nesta quarta (4) o CEO da United Healthcare, Brian Thompson, escreveu nas cápsulas das balas usadas as palavras “deny” (negar), “defend” (defender) e “depose” (depor), segundo os jornais The New Times e New York Post e a emissora de televisão ABC.
As palavras seriam uma alusão ao livro “Delay Deny Defend”, escrito por Jay M. Feinman, e que faz uma crítica a indústria de seguros.
As palavras “deny” e “delay” são termos recorrentes usados pelas seguradoras ao recusar pedidos feitos por clientes. Procurado pelo The New York Times, Feinman se recusou a fazer comentários sobre a associação do seu livro com o assassinato dessa quarta-feira.
As cápsulas com as palavras foram encontradas no local do assassinato, segundo fontes policiais disseram às duas publicações. A polícia, que continua as buscas, não confirmou a informação.
O suspeito estava usando máscara, moletim com capuz e uma mochila cinza e estaria esperando Thompson chegar ao hotel, onde a United Health iria realizar um evento com investidores.
O CEO trabalhava na unidade de seguros da United Health, que foi dona da Amil em 2023 e vendeu a operadora brasileira para José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp, por R$ 11 bilhões em dezembro do ano passado.
Imagens de câmeras de seguranças próximas ao local do crime mostram que o suspeito aguardou por cinco minutos até a chegada do executivo ao hotel. Quando o CEO caminhava em direção à entrada do hotel, o suspeito atirou contra a vítima, atingindo-o na panturrilha e nas costas com uma arma que teria um silenciador.
Segundo a polícia, a arma emperrou, o suspeito conseguiu desemperrá-la e voltou a atirar contra Thompson. Após os novos disparos, o atirador deixou o local usando uma bicicleta elétrica, que tem uma velocidade máxima de 18 km/h. A polícia disse que que havia um GPS na bicicleta e que trabalha para acessar esses dados, além de um celular que foi encontrado em um beco próximo ao local do crime.
Na busca pelo assassino, a polícia publicou várias fotografias do suspeito tiradas de câmeras de vídeo na área, incluindo uma com a arma levantada e apontada para Thompson e outra do suspeito fugindo em uma bicicleta.
Outras fotos capturaram um vislumbre de seus olhos, sobrancelha e nariz enquanto ele estava em um café, com uma legenda pedindo ao público qualquer ajuda para identificar o homem. Ele foi visto pela última vez fugindo para o Central Park, um dos principais pontos turísticos da cidade.
“Isso não parece ser um ato aleatório de violência. Toda indicação é de que este foi um ataque premeditado, planejado e direcionado”, disse a comissária da polícia de Nova York, Jessica Tisch, em entrevista concedida nessa quarta-feira.
O assassinato ocorreu poucas horas antes de um evento famoso em Nova York: o acendimento da iluminação da árvore de Natal no Rockefeller Center, que fica a poucos quarteirões de distância do hotel onde ocorreu o crime. O evento prosseguiu conforme planejado sob forte segurança.
A United Health é a maior operadora de planos de saúde dos EUA, fornecendo benefícios a dezenas de milhões de americanos, que pagam mais por cuidados de saúde do que pessoas em qualquer outro país. Thompson, de 50 anos, era o CEO da United Healthcare desde abril de 2021.
O executivo vinha sendo alvo de queixas de clientes nos últimos anos, que reclamavam de pedidos negados pela United Healthcare para procedimentos médicos e dos valores pagos de reembolso, ao mesmo tempo em que a empresa passou a ter aumento no lucro.
Somado a isso, a empresa ainda foi criticada por um ataque aos dados de sua unidade Change Healthcare, que fornece tecnologia para prestadores de serviços de saúde dos EUA, e interrompeu o atendimento médico a pacientes e o reembolso a médicos por meses.
A mulher do CEO, Paulette, afirmou à emissora NBC News que o marido vinha recebendo mensagens com ameaças de morte, mas não citou quais seriam os autores. As polícias de Maple Grove, em Minnesota, onde Thompson morava, e de Minnetonka, onde a United Health está sediada, disseram que não tinham registro de ameaças contra o executivo.
Em comunicado, a empresa prestou solidariedade aos familiares do CEO. “Nossos corações estão com a família de Brian e todos que estavam próximos a ele”, disse a United Health.