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Tarifa de 50% imposta pelos EUA ameaça empregos e investimentos no Espírito Santo

Medida anunciada por Donald Trump atinge diretamente produtos de exportação capixabas como aço, café e rochas ornamentais

Foto: Mosaico Imagem/Vale

A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre a entrada de produtos brasileiros no país, anunciada pelo presidente Donald Trump na quinta-feira (9), gerou forte reação em diversos setores produtivos do Brasil, especialmente no Espírito Santo — um dos estados com maior integração ao mercado externo.

Segundo dados recentes, 33,9% das exportações capixabas em 2024 tiveram os EUA como destino, com destaque para produtos como aço, café, celulose, minério de ferro e rochas ornamentais. A nova alíquota, que entra em vigor no dia 1º de agosto, representa uma ameaça direta a investimentos previstos, geração de empregos e estabilidade econômica na região.

Indústria capixaba pode perder competitividade

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), Leonardo Cereza, manifestou preocupação com os impactos da tarifa sobre o setor metalmecânico, especialmente sobre empresas como a ArcelorMittal, que pode ser diretamente afetada.

“Isso vai impactar toda a cadeia da indústria metalmecânica e elétrica do Estado. Estamos vendo tudo com muita preocupação”, afirmou Cereza durante o Seminário de Excelência Industrial, realizado em Vitória.

Findes alerta para vulnerabilidade capixaba

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) também se posicionou contra a medida. O presidente Paulo Baraona destacou que a economia capixaba é uma das mais abertas do Brasil, o que a torna especialmente suscetível a decisões unilaterais e protecionistas como a adotada por Trump.

“Medidas desse tipo comprometem a previsibilidade das relações comerciais, criam instabilidade nos mercados e colocam em risco cadeias produtivas inteiras, com reflexos diretos no emprego, na arrecadação e no crescimento econômico regional”, alertou Baraona.

Setor de petróleo e gás teme retração

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) também vê a decisão com preocupação. Segundo a entidade, o setor representa 17% do PIB industrial brasileiro e emprega 1,6 milhão de pessoas. Em 2024, o petróleo foi o principal item da pauta de exportações do Brasil, superando a soja e totalizando US$ 44,8 bilhões, com os EUA como principal destino.

“A medida traz incertezas para o setor e pode comprometer investimentos futuros. É urgente o diálogo entre as lideranças brasileiras e norte-americanas para preservar o fluxo comercial e a estabilidade institucional”, afirma o IBP.

Café em risco

O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, também expressou preocupação com os efeitos da tarifa sobre um mercado estratégico.

“Os Estados Unidos são os maiores consumidores mundiais de café, com cerca de 24 milhões de sacas por ano, e o Brasil é o principal fornecedor, com mais de 30% de participação. Qualquer impacto no consumo afeta toda a cadeia produtiva”, disse.

Além disso, Matos ressaltou que o café importado pelo país movimenta a economia americana:

“Para cada 1 dólar de café importado, são gerados 43 dólares na economia dos EUA, sustentando 2,2 milhões de empregos e representando 1,2% do PIB norte-americano. 76% da população consome café, sendo a bebida mais popular do país.”

Rochas ornamentais capixabas perdem competitividade

O setor de rochas ornamentais, no qual o Espírito Santo é líder nacional, também deve sofrer impactos significativos. Segundo o Centrorochas, a nova tarifa deixa o Brasil em desvantagem frente a concorrentes como Itália, Turquia, Índia e China, que terão taxações menores.

“A medida ameaça o desempenho de mais de 200 empresas exportadoras brasileiras e compromete uma cadeia produtiva que gera cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país”, alerta a entidade.

Amcham critica retrocesso nas relações bilaterais

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) expressou profunda preocupação com a medida, que pode abalar as cadeias produtivas integradas entre os dois países.

“Trata-se de uma medida com potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção e investimentos. A relação bilateral sempre se pautou pelo respeito e confiança mútua, gerando benefícios concretos para ambos os lados”, declarou a Amcham.

Segundo a entidade, os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, com saldo de US$ 29,2 bilhões em 2024, segundo dados oficiais americanos.

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