SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo do primeiro-ministro Olaf Scholz disse nesta terça-feira (4) que o número de pedidos de asilo feitos à Alemanha caiu 34% em 2024, buscando utilizar o dado, divulgado a 19 dias das eleições, para fortalecer sua posição de que o país tem feito o bastante para conter a imigração sob seu comando.
Segundo o Ministério do Interior, foram feitos 213 mil pedidos de asilo em 2024 em comparação a 322 mil em 2023. Os dados mostram que esse número deve cair ainda mais: na comparação entre janeiro de 2025 e o mesmo mês do ano passado, houve uma queda de 37% no número de pedidos.
Dados apresentados pelo ministério mostram ainda que as entradas de imigrantes em situação irregular também caíram cerca de 33%, de 127 mil em 2023 para 83 mil em 2024. “Isso mostra que nossas medidas estão funcionando”, disse a ministra Nancy Faeser, do SPD, partido de Scholz –hoje em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais.
A campanha para as eleições no próximo dia 23 na maior economia da Europa vem sendo pautada por discussões sobre imigração e segurança, especialmente após atentados cometidos por estrangeiros em Magdeburg, em dezembro do ano passado, e em Aschaffenburg, no último dia 23.
O atropelamento em um mercado de Natal em Magdeburg foi o ataque com o maior número de vítimas em anos na Alemanha: um homem nascido na Arábia Saudita mas com residência no país europeu há quase 20 anos matou seis pessoas e feriu quase 300.
A condição imigratória regularizada do autor desse atentado não impediu o partido de extrema direita AfD, que hoje aparece em segundo lugar nas pesquisas, de explorar o caso para pedir deportações em massa e uma “reforma no direito ao asilo” -promessa entendida por especialistas como um incentivo para que a Alemanha deixe de cumprir suas obrigações no direito internacional e passe a recusar asilo de forma generalizada.
O partido que lidera as pesquisas é a CDU (União Democrata-Cristã, na sigla em alemão), que também fez da imigração seu principal tema eleitoral, perseguindo a estratégia de seu candidato a primeiro-ministro, Friedrich Merz, de tentar roubar os votos da AfD ao apresentar propostas semelhantes aos extremistas.
Merz protagonizou um momento histórico no último dia 29 quando aprovou uma moção anti-imigração no Parlamento com o apoio da AfD -a primeira vez desde o fim do nazismo que um partido de centro-direita colaborou com a extrema direita. O político sofreu fortes críticas da imprensa e de outros partidos, com Scholz chamando o ocorrido de uma “quebra de tabu” com consequências profundas para a Alemanha.