A analista de licitação Amanda Santos Oliveira decidiu priorizar os estudos e a estabilidade financeira antes de realizar o sonho da maternidade. Ela teve seu filho, Benício, aos 36 anos. “Eu acho que ter mais tarde, na hora certa, é o ideal. Às vezes, tem gente que tem mais cedo e está tudo bem, consegue lidar. Mas eu era muito imatura. Se tivesse tido ele mais cedo, talvez precisasse da ajuda de outras pessoas”, afirmou.
A escolha feita pela Amanda reflete uma tendência crescente no Brasil. Há duas décadas, as mulheres com mais de 30 anos representavam apenas 23,6% dos nascimentos registrados no país. Em 2023, esse percentual subiu para 39%.
A professora da Fundação Getúlio, Vargas Lorena Hakak explica que esse movimento teve início nas décadas de 1960 e 1970. “Com as mulheres estudando mais, entrando mais nas universidades, aumenta-se a idade para o primeiro casamento, do primeiro filho e também entrando no mercado de trabalho”.
Essa mudança no planejamento familiar revela tem impactado diretamente no número de nascimentos do país. Em 2023 nasceram mais de dois milhões e meio de bebês, o que representa uma diminuição da taxa de natalidade de 0,7% em relação ao ano anterior. É a quinta queda consecutiva desde o ano de 2019.
A mudança revela transformações importantes no perfil social e econômico das famílias brasileiras, com destaque para a busca por maior autonomia e planejamento antes de assumir a responsabilidade da criação dos filhos.