Com apenas 11 anos, Calebe Gomes já fala de tecnologia como um especialista. Dono de um canal no YouTube, o garoto compartilha vídeos sobre jogos e sonha alto: “Com a ajuda do CDC Games para eu programar meus jogos, agora eu vou virar influencer”, contou, empolgado.
A colega de turma, Bruna, é a única menina entre dezenas de alunos, e faz questão de mostrar que o mundo digital também é lugar de mulher. “A gente pode aprender e ao mesmo tempo se divertir”, disse.
Os dois fazem parte do curso de games e tecnologia da Central das Comunidades (CDC), localizada no bairro Alterosa, na Serra. A proposta do projeto é levar inovação e oportunidade a regiões em situação de vulnerabilidade, promovendo inclusão social e despertando novos talentos através da tecnologia.
Segundo o presidente da CDC, Marcelo Siqueira, o projeto nasceu da vontade de transformar realidades por meio da educação tecnológica. “A partir do CDC Games a gente começou a criar essa lógica dentro da internet. Hoje, não conseguimos atender toda a demanda de quem quer participar. E o nosso propósito para o ano que vem, é criar mais núcleos na Grande Vitória”, explicou Siqueira.
Inaugurado no segundo semestre deste ano, o CDC Games já tem mostrado resultados concretos. Jovens como Marcos Martins, por exemplo, estão mais motivados e engajados com o aprendizado. “Ele chega em casa contando tudo o que aprendeu, mostrando os códigos que digita. Está muito empolgado”, disse Priscila Martins, mãe do estudante.
Outro exemplo é João Augusto, de 15 anos, que está no espectro autista. Segundo a mãe, Fernanda Rodrigues, o curso trouxe avanços significativos. “Ele socializa mais, ficou mais comunicativo e ama estar aqui junto com os coleguinhas. Diz que quer ser web designer e criar jogos”, contou.
As aulas envolvem teoria e prática em informática, programação e desenvolvimento de games, com conteúdo acessível e atualizado. O curso tem duração de um ano, com turmas que se formam a cada seis meses, e é totalmente gratuito para jovens entre 8 e 16 anos.
Com uma primeira turma composta por 80 alunos, a Central das Comunidades já planeja abrir novas inscrições no próximo semestre para quem não conseguiu participar desta edição.
Para uma geração que já nasceu conectada, o projeto mostra que o futuro da tecnologia e da inclusão digital começa agora, dentro das comunidades.