No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, os corredores da Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (AMAES) retratam uma realidade vivida por milhares de famílias: são, em média, 3 mil atendimentos mensais realizados apenas na unidade de Vitória. O número expressivo revela não apenas a demanda crescente, mas também os desafios enfrentados por quem convive com o transtorno.
Um dos principais entraves ainda é o diagnóstico. “É o primeiro passo. As famílias buscam, mas muitas vezes não encontram profissionais ou serviços que ofereçam suporte. O diagnóstico precoce é essencial, pois dá à criança a chance real de evoluir”, afirma a assistente social da Amaes, Adrinana dos Santos Freire.
Enquanto isso, do lado de fora das salas de reforço escolar, mães esperam pelos filhos, conscientes do peso — e da importância — dessa rotina. “É complicado, é uma rotina pesada. Mas é satisfatório ver cada pequeno avanço deles”, conta uma mãe.
A dor e a força dessas mulheres ficam evidentes nos depoimentos. Ilcemara Kuster é mãe dos gêmeos Kauan e Kauê, de 17 anos, ambos autistas. “É um trabalho diário, árduo, sofrido… Tem muita gente que não entende. Às vezes, olham pra gente sorrindo e não sabem o quanto sofremos. Olham nossos filhos, destratam, machucam. Mas eles entendem tudo. A gente dá a vida por eles. São anjos que Deus colocou na nossa vida”, desabafa.
Na sede da AMAES em Vitória, cerca de 50 profissionais atuam nas áreas de saúde, assistência social e educação. Adriana, que começou como estagiária, hoje é uma das colaboradoras. “Após o diagnóstico, vem outro desafio: o luto pelo filho idealizado. É necessário fortalecer a família para que ela consiga enxergar e lidar com as novas necessidades que surgem”, explica.
A luta, em muitos casos, recai majoritariamente sobre as mães. Segundo a equipe da associação, 95% dos acompanhantes são elas — presença constante em consultas, terapias e no dia a dia escolar.
Neste 2 de abril, a AMAES reforça a importância da empatia, do acolhimento e, principalmente, da ampliação do acesso ao diagnóstico e aos serviços de apoio. Para muitas famílias, esse é o primeiro passo para reconstruir sonhos.
