A tirzepatida, medicamento injetável indicado para o tratamento da diabetes tipo 2 descompensada e da obesidade, tem ganhado notoriedade entre médicos e pacientes. No entanto, especialistas alertam para um possível efeito colateral importante: a substância pode interferir na eficácia dos anticoncepcionais orais, especialmente nas primeiras semanas de uso.
De acordo com a médica endocrinologista, karyna Lima, a tirzepatida age imitando hormônios naturais do corpo humano — GLP-1 e GIP — que, entre outras funções, estimulam a secreção de insulina e reduzem o apetite. “Por ela causar uma lentificação do trânsito intestinal, ela também diminui a absorção dos medicamentos orais, como os anticoncepcionais”, explicou a médica.
Estudos recentes apontam que, nas primeiras quatro semanas de uso, a absorção de medicamentos orais pode ser significativamente reduzida, o que inclui a pílula anticoncepcional. Por isso, entidades como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam que mulheres em idade fértil utilizem métodos contraceptivos alternativos durante o tratamento, como preservativos ou dispositivos intrauterinos (DIU).
A médica também destacou que ainda há pouca divulgação sobre o tema, já que os estudos que evidenciam essa interação medicamentosa são recentes. “A recomendação para as mulheres que querem engravidar é que a tirzepatida tem que ser suspensa pelo menos 30 dias antes de engravidar, e a semaglutida, pelo menos 60 dias”.
A orientação é que todas as decisões relacionadas ao uso da tirzepatida e aos métodos contraceptivos sejam feitas com acompanhamento médico.