Há 13 anos, o Ônibus Rosa percorre as estradas do Espírito Santo levando acolhimento, apoio psicológico e orientação jurídica a mulheres vítimas de violência. O projeto itinerante, idealizado pela juíza Hermínia Azoury, surgiu da preocupação com as mulheres que vivem em regiões afastadas e muitas vezes não têm acesso à Justiça nem conhecem seus direitos. Pensando nisso, a magistrada propôs ao então presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Feu Rosa, a criação de um juizado itinerante que garantisse o acesso à Lei Maria da Penha, especialmente no interior do Estado.
O veículo é totalmente adaptado e funciona como um centro móvel de atendimento, com quatro ambientes, sendo um deles reservado para audiências. A iniciativa leva uma equipe multidisciplinar composta por profissionais do Direito, da Psicologia e do Serviço Social, oferecendo atendimento gratuito e sigiloso em pontos estratégicos de cada município visitado. Segundo Hermínia, a proposta vai além da punição aos agressores, o foco está também na prevenção. “Punir tão somente não é o suficiente. É preciso ter a prevenção, e isso só se conquista com políticas públicas eficazes”, afirmou a juíza.
Em 2025, o projeto ganhou um novo reforço: o primeiro ônibus do Brasil com elevador para cadeirantes, reforçando o compromisso com a acessibilidade e a inclusão. Hermínia contou que se emocionou ao ver uma mulher cadeirante usar o equipamento pela primeira vez. “Ela chorou e me disse: ‘Nunca falei com uma juíza subindo num elevador’. Aquilo me marcou profundamente”, relatou.
Ao longo dos anos, o Ônibus Rosa transformou a vida de centenas de mulheres capixabas, ampliando o acesso à Justiça e fortalecendo o enfrentamento à violência doméstica. Prestes a se aposentar, a juíza Hermínia Azoury garante que continuará atuando na causa por meio de um instituto voltado à defesa dos direitos das mulheres. “A lei é fria, mas podemos humanizá-la. E isso se faz com empatia, sentir a dor do outro e agir para transformar”, concluiu.