SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Jacob Chansley, conhecido como o “Viking do Capitólio”, afirmou ter sido perdoado pela sua participação na invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
“Agora vou comprar armas”, diz Chansley. Em publicação no X (antigo Twitter), o trumpista comemorou ter recebido o perdão, publicando um desenho de si mesmo segurando uma arma e a bandeira dos Estados Unidos. “EU AMO ESSE PAÍS!!! DEUS ABENÇOE A AMÉRICA!!! Os J6ers [como são chamados os envolvidos nos eventos de 6 de janeiro] estão sendo soltos e a JUSTIÇA CHEGOU… TUDO feito nas sombras SERÁ esclarecido”, escreveu.
Viking do Capitólio agradeceu Donald Trump, que perdoou mais de 1.500 envolvidos no 6 de Janeiro. Uma das primeiras medidas assinadas pelo presidente no dia da posse foi um indulto aos presos pelo 6 de Janeiro, a quem Trump chama de “reféns”. O republicano questiona a gravidade da invasão ao Capitólio, um evento que ele qualificou como um “dia de amor” e de “efusão de afeto” direcionada para ele.
QUEM É O VIKING DO CAPITÓLIO?
Jacob Chansley, 37 anos, ficou conhecido em todo o mundo em 6 de janeiro de 2021. Usando um chapéu com chifres de bisão, carregando uma lança e com as cores da bandeira norte-americana pintadas no rosto, ele se tornou símbolo do ataque extremista ao Capitólio dos Estados Unidos. Por lá, ficou conhecido como “Xamã Q-Anon”, referência ao grupo de teóricos da conspiração do qual fazia parte. No Brasil, foi apelidado de “Viking do Capitólio”. Após cumprir pena e prometer entrar para a política, Chansley, que é veterano da Marinha dos EUA, diz viver uma vida “normal”.
Prisão após o ataque. Chansley foi detido poucos dias após a invasão ao Capitólio. Com o rosto estampado em todos os jornais, ele foi rapidamente localizado e preso. Após sua defesa alegar que ele não participou de atos violentos, a Justiça optou por deixá-lo preso preventivamente.
Condenado por seis crimes. Em 17 de novembro de 2021, o militar foi considerado culpado por: incitação ao crime, obstrução de oficial, invasão a local restrito, perturbação da ordem, dano ao patrimônio público e desobediência civil. A pena estabelecida foi de 41 meses de prisão.
Ficou na cadeia até março de 2023. Chansley foi liberado da Cadeia Federal do Arizona 14 meses antes do fim da pena, para cumprir prisão domiciliar. Na época, admitiu que estava errado ao invadir o Capitólio.
“Homens de honra admitem quando estão errados. Não apenas publicamente, mas para si mesmos. Eu estava errado ao no Capitólio. Não tenho desculpa. Nenhuma desculpa, de forma alguma. Esse comportamento é indefensável.”, disse Jacob Chansley, veterano da marinha dos EUA, conhecido no Brasil como “Viking do Capitólio”.
Promessa de entrar para a política. Apesar de seguir elogiando Donald Trump e defendendo teorias de conspiração de extrema direita, o militar disse que se candidataria pelo Partido Libertário por uma vaga na Câmara pelo estado do Arizona, onde mora.
Candidatura não foi para frente. Apesar da promessa, Chansley acabou não ratificando a candidatura. Nas pesquisas, ele nunca apareceu com mais de um ponto percentual.
Chapéu e lança recuperadas após decisão da Justiça. Em agosto de 2024, o juiz Royce Lambert decidiu devolver os objetos ao invasor do Capitólio. “O governo não deu motivos para querer ficar com a propriedade privada do senhor Chansley”, escreveu o juiz.
“Vida normal” no Arizona. Em entrevista ao jornal New York Times na semana passada, o Viking do Capitólio disse viver do mesmo jeito que vivia antes da fama. “Só dando mais entrevistas”, disse o militar.
RELEMBRE A INVASÃO AO CAPITÓLIO
Manifestantes incitados por Trump. Eles começaram a se reunir em frente ao prédio à espera da sessão de oficialização de Joe Biden como novo presidente e de Kamala Harris como vice. Eles alegavam, sem provas, que houve fraude nas eleições.
Cinco pessoas mortas. Na invasão, quatro pessoas morreram em meio à multidão, duas delas por ataque cardíaco e outra por uma possível overdose. A última, Ashli Babbitt, foi morta por um policial quando tentava entrar à força na Câmara de Representantes.
Mais de 1.500 foram acusadas pela invasão do Capitólio. Destas, 571 respondem por agressão, resistência ou bloqueio do trabalho das forças de ordem e 195 foram condenadas durante o julgamento.
Julgamentos resultaram em sentenças de até 22 anos de cadeia. Foi o caso do ex-presidente dos Proud Boys, Enrique Tarro. Cerca de 200 dos réus foram acusados de porte de arma e 153 foram acusados de destruição de propriedade do governo.
Câmeras de segurança e jornalistas registraram a ação naquele dia. Um homem foi fotografado com os pés em cima da mesa da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi; os manifestantes também gritaram “enforquem Mike Pence” -o então vice-presidente precisou deixar o local às pressas e ser conduzido a um esconderijo.
Bombas usadas para dispersar a multidão. Policiais se posicionaram perto da entrada da Câmara, apontando armas em direção à porta. Imagens mostram que uma escrivaninha foi pressionada contra a porta para impedir a entrada de manifestantes. Bombas de gás foram atiradas para dispersar a multidão que invadiu o Congresso.
Invasão gerou destruição milionária. Deputados chegaram a ser escoltados para fora do Capitólio com máscaras de gás lacrimogêneo. A invasão gerou destruição estimada em US$ 2,8 milhão (R$ 17,1 milhões, na conversão atual).
Brasileira participou de ataque. Leticia Vilhena Ferreira, que tem visto de trabalho nos EUA, mas não estava apta a votar nas eleições americanas, foi presa um ano depois da invasão, no estado de Illinois, acusada de ter participado da invasão ao Capitólio.