Vitória é uma das capitais brasileiras que mais avançaram em aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática após os impactos da pandemia de covid-19. O dado faz parte de um estudo da organização Todos Pela Educação, que analisou os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019 a 2023 em 46 municípios, entre capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes.
Segundo o levantamento, a capital capixaba apresentou o maior crescimento do País no 5º ano em Língua Portuguesa: 65% dos estudantes atingiram o nível de aprendizagem adequada em 2023, representando um avanço de 12,4 pontos percentuais em relação a 2019. Em Matemática, o crescimento foi de 9,3%, o segundo maior entre os municípios avaliados, atrás apenas de Goiânia (GO).
No 9º ano do ensino fundamental, os resultados também foram expressivos. Em Língua Portuguesa, 45,2% dos alunos demonstraram aprendizagem adequada, aumento de 9,3% em comparação a 2019. Já em Matemática, Vitória registrou crescimento de 0,3%, sendo uma das únicas cinco cidades que não tiveram queda nos resultados.
Outro ponto de destaque foi a redução no número de estudantes com desempenho abaixo do básico. Em Língua Portuguesa no 5º ano, Vitória obteve a maior queda entre todas as cidades analisadas: 4,6 pontos percentuais.
Para a organização Todos Pela Educação, os resultados de Vitória e Goiânia servem de referência. “Apesar do cenário desafiador, essas redes não apenas apresentaram avanços significativos no percentual de alunos com Aprendizagem Adequada, como também conseguiram reduzir a proporção de estudantes no nível Abaixo do Básico”, aponta o relatório.
Gestão educacional e políticas públicas foram determinantes
A secretária de Educação de Vitória, Juliana Rohsner, atribui os bons resultados a uma série de ações implementadas após o período mais crítico da pandemia. “Vitória foi um dos primeiros municípios do país a reabrir as escolas, e isso teve impacto direto na aprendizagem. Também realizamos uma reestruturação pedagógica e administrativa, com assessores atuando diretamente nas escolas”, afirmou.
Juliana destaca que, atualmente, a cada seis escolas, uma conta com acompanhamento direto de um assessor pedagógico. Ela ressaltou que os avanços, embora significativos, não significam que os desafios foram superados: “Ainda temos um caminho a percorrer, principalmente na área de Matemática, que é uma fragilidade nacional”.
Avaliações periódicas, ensino integral e formação docente
Entre as medidas adotadas para impulsionar o desempenho dos alunos, estão:
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Ampliação do ensino em tempo integral: o número de escolas nesta modalidade passou de 4 para 41 entre 2021 e 2024;
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Reforço escolar e monitoramento da aprendizagem: quatro avaliações de leitura e provas objetivas de Português e Matemática são aplicadas ao longo do ano;
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Formação docente: professores recebem bolsa para participar de cursos de capacitação fora do horário regular de trabalho;
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Expansão do cursinho Pré-Enem: foram abertas 2.400 vagas em 2024, com direito a alimentação e aulas noturnas.
Em 2021, apenas 48% dos alunos do 5º ano liam com fluência. Hoje, esse índice saltou para 97%, segundo a secretária.
“É um pacote robusto de investimentos e ações pedagógicas que demonstram nosso compromisso com a educação pública de qualidade. Melhorar os índices de aprendizagem requer continuidade, estratégia e valorização dos profissionais da educação”, concluiu Juliana Rohsner.