O empresário Márcio Clare, fundador do parque temático Terra dos Dinos, confirmou a desistência da construção de uma unidade em Guarapari, no Espírito Santo. A decisão foi anunciada em entrevista à Revista Exame e representa uma perda significativa de investimento para o setor turístico capixaba.
Segundo Clare, o projeto fazia parte de um plano de expansão avaliado em R$ 200 milhões, que inclui três novos parques. Dois deles já estão em andamento: um em João Pessoa (PB) e outro em Campos do Jordão (SP). O empreendimento em Guarapari, no entanto, foi interrompido por dificuldades relacionadas ao licenciamento ambiental e à falta de apoio institucional.
“Já tínhamos feito investimento, comprado dinossauros, preparado tudo. Porém ficou claro que não existia parceria”, declarou o empresário. Clare informou ainda que outras prefeituras já demonstraram interesse e novas negociações estão em andamento.
O projeto contava com aporte do Fundo MMP & TRÊS, liderado por Maely Coelho. A reportagem procurou o empresário, mas não obteve retorno até o momento.
Impacto econômico
A desistência representa a perda de um empreendimento com potencial de impacto significativo na economia local. Como referência, a unidade da Terra dos Dinos em Miguel Pereira (RJ) recebeu mais de 600 mil visitantes desde 2022, empregando 200 pessoas com carteira assinada e impulsionando setores como comércio, hotelaria e gastronomia. O parque possui faturamento anual superior a R$ 25 milhões.
A expectativa para os novos empreendimentos era ainda maior, com atrações inéditas e capacidade ampliada.
Licenciamento e entraves
Em nota, a Prefeitura de Guarapari informou que o processo do parque teve início na gestão anterior e que, desde então, esforços técnicos foram realizados para viabilizá-lo. O município destacou que a licença ambiental foi emitida, assim como a licença para construção, que depende apenas da assinatura de um Termo de Compromisso ainda não formalizado pelo empresário.
A administração municipal explicou que persistem pendências documentais e entraves ambientais ligados a outros órgãos, como o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). O instituto confirmou que realizou vistoria no local e analisa a possibilidade de autorizar a supressão de vegetação nativa para a instalação do estacionamento do parque.
Segundo o Idaf, a previsão é de que a análise seja concluída na próxima semana.
Receptividade é decisiva
Clare destacou que o principal critério para a escolha das cidades onde os parques são implantados é o grau de receptividade. “Queremos estar em cidades que abracem o projeto”, afirmou à Exame.
Nota da Prefeitura de Guarapari
A Prefeitura reiterou que todas as secretarias atuaram de forma integrada para orientar tecnicamente a empresa e destacou que, em abril deste ano, novos documentos foram protocolados pela empresa, mas ainda restam pendências a serem sanadas.
O município reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a atração de investimentos, ressaltando que, nos primeiros 100 dias da atual gestão, foram aprovados mais de 2,1 milhões de metros quadrados em obras e analisados mais de mil processos de viabilidade econômica.
“Seguimos abertos ao diálogo e empenhados em viabilizar, dentro da legalidade, projetos que contribuam para o progresso do município”, concluiu a administração.