Um fenômeno atmosférico popularmente conhecido como “nuvem véu de noiva” ou “nuvem chapéu” foi registrado no topo da Pedra Azul, um dos principais pontos turísticos do Espírito Santo. Trata-se de uma nuvem lenticular, formação típica de áreas montanhosas. Esse tipo de nuvem costuma surgir quando as temperaturas estão mais baixas, como ocorreu na manhã da última terça-feira (25), quando os termômetros marcaram 16°C durante a madrugada.
A cena foi registrada por Gilcelia Aparecida de Sousa, de 40 anos, que trabalha com voos de balão na região. Segundo ela, o fenômeno começou por volta das 5h50 e durou até às 6h20. Como os balões não decolaram naquele dia, ela decidiu aproveitar a manhã para fazer uma caminhada pelas trilhas ao redor da Pedra Azul. Inicialmente sem o celular, Gilcelia contou que ao notar a formação das nuvens, voltou em casa para buscar o aparelho e conseguiu registrar o momento.
Moradora há seis anos do distrito onde fica a Pedra Azul, no município de Domingos Martins, na Região Serrana do estado, ela disse que já presenciou esse tipo de formação outras vezes, mas que sempre se encanta. “Foi um dos momentos mais lindos que vi em meio às belezas naturais da Pedra Azul. Um verdadeiro espetáculo da natureza. No ano passado vi o mesmo fenômeno, mas de outro ângulo e em outro momento”, relatou.
O meteorologista Hugo Ramos, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), explicou que as nuvens lenticulares, também conhecidas como ondas troposféricas de sotavento, se formam entre 2 mil e 10 mil metros de altitude, em regiões de relevo acentuado e ventos intensos.
Essas formações ocorrem quando ventos constantes colidem com obstáculos como montanhas, provocando oscilações na atmosfera. Nessas ondas, o ar sobe, se resfria e condensa, originando nuvens em camadas que aparentam estar paradas, mesmo sob ventos fortes. O meteorologista também destacou que no Brasil esse fenômeno é comum em áreas montanhosas e pode indicar, na meteorologia voltada à aviação, a possibilidade de turbulência na região.
Maria Clara Sassaki, especialista em meteorologia e porta-voz da empresa Tempo Ok, complementou que o fenômeno ocorre especialmente quando os ventos se dirigem a áreas montanhosas. Ao passarem por esses relevos, os ventos sofrem perturbações, formando ondas estacionárias. Quando o ar sobe, transporta a umidade na forma de vapor. Se no topo da onda a atmosfera estiver suficientemente fria, essa umidade se condensa, formando a nuvem.