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Política em Foco

Ricardo Ferraço, Paulo Hartung, Lorenzo Pazolini, Arnaldinho Borgo e Euclério Sampaio, o pelotão de frente para a disputa do governo

Quem realmente pode chegar e tirar o eleitor capixaba do palco das sensações políticas e transportá-lo para o universo da reflexão?
O pelotão de frente para a disputa do governo.

O que cada um tem de diferente e quais as possibilidades de ambos no adiantado processo eleitoral de 2026.

Nesse ano de véspera das eleições, com direito a pesquisas e várias especulações em torno dos nomes mais promissores, é indispensável fazer uma análise individual e provocar uma séria reflexão sobre o que está por vir na cadeira mais desejada do Estado, a do Palácio Anchieta.

Qual o perfil, parte do histórico político e as fragilidades e potencialidades do pelotão de elite que pretende governar o Espírito Santo? Vamos analisar e colocar todos em campo, assim:

Ricardo Ferraço (o herdeiro): O atual vice-governador é o nome que participou de todo processo de reconstrução política e administrativa do Espírito Santo. Negar a participação de Ferraço nesse projeto é negar uma parte importante da história da política capixaba. Ele comandou a Assembleia Legislativa em tempos conturbados, foi deputado federal, vice de Paulo Hartung, senador e agora vice de Renato Casagrande, uma trajetória dedicada ao Espírito Santo.

Outro foco importante é a capacidade de Ricardo de fazer e refazer as necessárias composições políticas, um blocão com diversos atores políticos, uma clara demonstração de força e de ocupação de espaço. Ou seja, hoje, Ricardo Ferraço é o ponto agregador do governo e o único que pode “aquietar” os demais nomes do grupo do próprio governo, unindo forças contra a oposição.

No entanto, algumas ponderações são importantes e devem servir de alerta para o promissor pré-candidato, porque, ao mesmo tempo que ele aparece como o legítimo herdeiro da reconstrução do Espírito Santo, ele também pode trazer na sua carroceria o peso de um projeto de mais de 20 anos em confronto com o desejo de mudança do capixaba, um processo que se iniciou nas prefeituras da Grande Vitória e terá um impacto significativo no pleito eleitoral do próximo ano.

A busca por uma ressignificação da própria imagem, aliada às políticas positivas, como desenvolvimento e o que ele representa, são trunfos importantes para o vice-governador, que vem adotando uma postura sem alardes e fugindo da previsibilidade.

Por tudo isso, Ricardo Ferraço é um nome de destaque nessa corrida e com toda certeza vai brigar lá na frente, defendendo todo o seu legado.

Paulo Hartung (o imprevisível): Se tem uma figura que vem confundindo as expectativas da política capixaba, é o ex-governador Paulo Hartung. O que ele quer e qual será o seu destino político do próximo ano? Obviamente, ninguém tem as respostas para as múltiplas perguntas, mas ele quer alguma coisa.

É importante destacar as movimentações de Paulo Hartung em todo o Estado, visitando os municípios, conversando com lideranças e setores do Estado, uma movimentação de quem quer alguma coisa.
Isso não chega a confundir o “mercado político”, entretanto, aponta que a águia de outros tempos continua dando seus voos rasantes, pronta para capturar a ingênua presa ou presas.

Falando de política capixaba, a grande verdade é que Paulo Hartung tem tamanho suficiente para ser candidato ao que ele desejar: governador, senador, etc. Os ajustes administrativos que tiraram o Espírito Santo do posto do atraso passaram exclusivamente pelas suas mãos, uma página que poucos se dispuseram a virar.

No governo, Paulo Hartung chegou a ser quase “unanimidade”, com pouquíssimas vozes contrárias, uma gestão forte, implacável e organizada. Desde o combate ao crime organizado, o equilíbrio das finanças e a readequação das políticas públicas, um histórico positivo que ainda o cacifa politicamente, até mesmo para um projeto que ultrapasse os limites do Espírito Santo.

Contra Paulo Hartung há algumas nuances da sua gestão, como a fatídica greve da Polícia Militar, a falta de valorização dos servidores do Estado e a comprometida agenda de entregas. Todavia, não podemos ser injustos, pois cada governo respondeu às necessidades do seu tempo, onde uns arrumaram a casa, outros investiram e desenvolveram suas potencialidades, uma parceria que resultou num Estado forte, organizado e exemplo para o Brasil.

Destarte, pesa contra o ex-governador o hiato de oito anos fora do poder, um período longo que o tirou da primeira prateleira da política capixaba. Quem é o Paulo Hartung de hoje? É o ponto imprevisível que está sob o crivo do novo eleitor do Espírito Santo.

Lorenzo Pazolini (o opositor): O prefeito reeleito de Vitória é a assumida oposição contra os demais projetos. Ele até cortejou um lá e outro aqui, contudo, sem sucesso e sem maiores expectativas.

Pazolini é o nome que vem atraindo gravitacionalmente os insatisfeitos contra o governo e aqueles que defendem uma mudança profunda na condução do governo do Estado, catapultando naturalmente seu nome para a disputa.

Nos últimos meses, Pazolini fez algumas movimentações importantes, trazendo nomes relevantes para o seu governo, como o ex-secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Ramalho, que assumiu a pasta do Meio Ambiente do município, indicando que o prefeito está buscando uma robustez política para o seu projeto. É digno de nota também a sua movimentação pelo interior do Estado, ao lado do ex-presidente da Assembleia Legislativa Erick Musso, atual secretário de Governo da capital.

Outra estratégia do time de Pazolini é torná-lo o único representante da direita na corrida eleitoral para o governo, criando uma aderência política favorável com os demais partidos de direita, como o PL de Magno Malta e o Partido Novo, possibilidades reais dentro da expectativa do enfrentamento ao blocão do governo.

Por outro lado, alguns pontos devem ser considerados na inicial caminhada de Pazolini. Primeiro, a ânsia de pular na frente o tornou previsível e sua estratégia de fácil leitura. É o preço que os apressados pagam, devido à necessidade de aparecer e figurar nas pesquisas. Segundo, ele se tornou alvo dos demais pré-candidatos, especialmente no campo da articulação política, podendo sofrer uma impiedosa asfixia na etapa derradeira do processo, como vimos em outras eleições.

Pazolini também é tido como uma “pessoa difícil”, uma fragilidade relacional que pode custar caro para os seus objetivos. Assim, ele vai precisar rever diretamente esse ponto, sem transferir essa correção para os agentes políticos que cercam a sua gestão. Afinal, gestão pública não combina com a postura sisuda e fechada, tendo em vista que o diálogo e as composições são praticamente obrigatórios nessa construção.

Muita gente considera que Pazolini seja o grande adversário de si mesmo, uma conjugação que passa por uma reespiritualização política, sem perder seus princípios e valores.

A imagem é boa, o espírito precisa melhorar.

Arnaldinho Borgo (o observador): Aqueles que fazem muito barulho podem ser vencidos por aqueles que estão em silêncio, observando as entrelinhas do jogo.

Esse é o prefeito de Vila Velha, um observador. Arnaldinho já quebrou a banca em 2020, saindo da quarta colocação e atropelando seus adversários, incluindo o prefeito da época, que buscava a reeleição.

Com perfil novo e com uma rede social dinâmica, Arnaldinho é um fenômeno que começou sua trajetória em 2012, como vereador, reeleito como o mais votado em 2016, bem votado para deputado estadual em 2018, prefeito em 2020 e reeleito em 2024, com direito a recordes de votos, números que o colocam na disputa para o governo e também para outros cargos eletivos.

Com a gestão bem avaliada e marcada por entregas e parcerias com o governador Renato Casagrande, Arnaldinho pode ser o plano alternativo do grupo do governo ou até mesmo buscar uma construção paralela para o seu projeto. Tudo vai depender das futuras costuras políticas.

Uma coisa Arnaldinho já provou: “tem disposição e é extremamente estratégico nas suas ações”. Considerado como um político de fácil acesso, Arnaldinho tem números que surpreendem, como a nota do IDEB, semelhante à da capital Vitória, tida como referência. Porém, enquanto a prefeitura de Vitória gasta dezesseis mil reais por aluno, Vila Velha gasta apenas dez mil, um diferencial que chama atenção.

Fora isso, tem as obras estruturantes e o forte investimento nas áreas do turismo, como a entrega da emblemática Ponte da Madalena, na Barra do Jucu, que ganhou um extenso calçadão, a nova atração da cidade.

No campo político, pesa contra Arnaldinho a necessidade de formar um time político, um grupo capaz de pensar seu projeto de forma macro, longe das possessões do “ter” e do “ser”.

Alargar o debate, popularizar suas políticas públicas e avançar no campo diferente são desafios que Arnaldinho tem pela frente, o resto é questão de tempo e maturação natural do processo.

Há quem diga que ele não abre mão de disputar as eleições de 2026, há quem diga que ele está apenas jogando com a emoção dos grupos, um silêncio que vem perturbando tudo e todos.

Euclério Sampaio (o surpreendente): Todos querem Euclério, absolutamente todos. Sim, o surpreendente prefeito de Cariacica subverteu o óbvio e colocou a cidade no radar do desenvolvimento, um gestor dedicado às demandas e compenetrado nas oportunidades.

Olhando para frente, foi assim que Cariacica cresceu nos últimos anos, passando pelas mãos de um gestor experiente e apaixonado por sua gente.

Euclério Sampaio não mudou somente a perspectiva política e administrativa de Cariacica, ele investiu na estima do cariaciquense. O sorriso escondido da população foi transformado em brilho nos olhos de uma cidade que nunca foi tratada como prioridade por parte da classe política do Estado. Hoje, Cariacica esbanja investimentos, deixando para trás os apelidos pejorativos de quem não conhecia o potencial do município. A logística da produção do Espírito Santo passa por Cariacica e vai continuar passando por bastante tempo, fruto de um trabalho bem estruturado e pensado para as gerações futuras. Se Euclério é lembrado por seus feitos hoje, certamente ele será lembrado muito mais no futuro.

Resta saber o que Euclério pensa ou está projetando daqui para frente. Alguns asseguram que ele não pretende ser candidato a governador, outros dizem que ele apenas está buscando fôlego para as novas etapas do processo. Todavia, Euclério não poderia ficar de fora da nossa análise, ainda que seja para testemunhar a transformação que ele provocou em Cariacica.

Pegar uma cidade com orçamento limitado, fora da rota de prioridade dos investimentos e fazer o que ele fez é para ser estudado e copiado por outros gestores.

Em virtude desse conjunto de entregas, Euclério é “unanimidade” entre todos que buscam apoio. Aliás, ouso dizer que o próximo governador terá que passar obrigatoriamente por Cariacica, uma parada longa devido à altura e largura da gestão e do gestor. Sem Euclério, a travessia de quarenta dias pode se tornar uma peregrinação de quarenta anos.

Para Cariacica, seria até um “pecado” Euclério não terminar o mandato, mas o mundo político é bastante dinâmico e seus desfechos dependem de muita coisa, como 2026 depende de Euclério Sampaio e da cidade de Cariacica.

Euclério é o “Canal do Panamá” que os velhos e novos navios precisam para encurtar o caminho até o Palácio Anchieta.

Desafio dos prefeitos de renunciarem seus mandatos

Um fato que devemos considerar é o ineditismo sobre os prefeitos que possivelmente disputarão as eleições do próximo ano. Nenhum outro prefeito renunciou ao mandato para disputar o governo do Estado.

Ou seja, Lorenzo Pazolini, Arnaldinho Borgo e Euclério Sampaio, além de buscar uma boa composição, também vão precisar furar a bolha eleitoral dos seus municípios, um trabalho de expansão que exigirá tempo e estratégia.

O cálculo é simples: três prefeitos podem renunciar para disputar apenas uma vaga para o governo do Estado, restando as duas para o Senado, dez para deputado federal e trinta cadeiras para estadual.

São três paraquedas, onde apenas um tem a possibilidade de abrir e pousar com segurança.

Conclusão

Essas são as impressões iniciais desse longo processo eleitoral de 2026. Interessante ressaltar como o processo foi adiantado, causando espanto em muita gente.

Esse pelotão que largou na frente corre riscos, como aqueles que estão esperando a maturação das articulações, mas vai faltar oxigênio para alguns deles que serão engolidos pelo impiedoso tempo da política, que é bem diferente do tempo dos indivíduos.

Em 2026, não terá herdeiro, candidato previsível ou não, opositor, observador ou surpresas, terá um eleitor de olho na capacidade de construção de cada candidato, aliado às suas posições políticas.

A ponte está construída e está aguardando a passagem das primeiras águas.

É natural de Vila Velha – ES, cidade onde reside. Graduado em Teologia e Ciências Políticas, com especialização em pesquisa, comunicação e estratégia política. Já atuou como secretário municipal de Gestão e Planejamento e como coordenador de comunicação parlamentar. Há quase duas décadas estuda e participa dos movimentos políticos do cenário nacional e do Estado do Espírito Santo, com análises e projeções.
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