Alexandro é paraplégico e passa a maior parte do tempo dentro de casa. A costureira Maria Ferreira da Silva, mãe de Alexandro, conta que a ausência de acessibilidade nas calçadas do bairro onde moram é um obstáculo diário. “Para sair na rua não dá. A calçada é toda quebrada, degrau em cima de degrau. Não é uma linha reta, como deveria ser para ele. Precisava ter rampas de acesso, mas aqui, onde a gente mora, não tem nenhuma”, desabafou.
A situação de Alexandro reflete uma realidade enfrentada por milhões de brasileiros. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, dois em cada três brasileiros vivem em vias que não possuem rampas de acesso para cadeirantes. “A rampa é um indicador que o Censo usa identificar a acessibilidade. Ela é super importante para as pessoas conseguirem chegar na calçada, mas faltam muitos itens de acessibilidade de uma maneira geral”, explica a especialista em mobilidade urbana Ana Carolina Nunes. “Nós temos que consideram que a largura da calçada é muito importante, pois não adianta ter a rampa e chegar numa calçada que não tem nenhum metro”.
O levantamento também revelou que, entre os estados brasileiros, o Amazonas apresentou o pior índice de acessibilidade, com o maior percentual de moradores em locais sem infraestrutura adequada para pessoas com deficiência.
A falta de rampas e calçadas adaptadas limita a mobilidade e a autonomia de quem depende desses recursos para atividades básicas do dia a dia, como ir ao médico, estudar ou trabalhar. Especialistas destacam que a acessibilidade urbana é um direito garantido por lei e fundamental para a inclusão social.
O cenário expõe a necessidade de políticas públicas mais efetivas e de investimentos na infraestrutura das cidades para garantir o direito de ir e vir a todas as pessoas, sem discriminação.