A violência urbana tem deixado marcas profundas em quem vive ou circula pelas cidades brasileiras. Foi o que aconteceu com assistente de venda Brenda Gomes, que estava dentro do carro quando dois criminosos quebraram o vidro do veículo e levaram seu celular de última geração. “É uma sensação de impotência. Você acha que está seguro dentro do carro, mas não está. Fiquei muito nervosa, tive sonhos ruins a semana inteira, fiquei apavorada”, contou.
Casos como o de Brenda se repetem diariamente. A autônoma Solange Lima também foi vítima de um assalto enquanto caminhava pelas ruas. “Me pararam, colocaram uma faca nas minhas costas, pediram minha bolsa e mandaram eu andar sem olhar para trás”, relatou.
De acordo com dados recentes, no Brasil, 1.680 celulares são roubados por hora. O número alarmante alimenta o medo da população: 53% das pessoas afirmam evitar circular em locais ou horários considerados perigosos para não se tornarem alvos da criminalidade.
Especialistas apontam que o cenário dos assaltos mudou nos últimos anos. “Antes, a dinâmica era baseada no furto, em que o criminoso passava, tomava o objeto e fugia. Agora, vemos um aumento no uso de armas de fogo nesses crimes. Acreditamos que isso é reflexo de políticas recentes que facilitaram a circulação de armas”, analisou um pesquisador da área de segurança.
Um estudo realizado em 145 municípios brasileiros revelou que, entre julho de 2023 e julho de 2024, o prejuízo estimado com celulares roubados ou furtados no país chegou a quase R$ 1 bilhão. Considerando os 258 milhões de aparelhos em operação no Brasil, a perda média supera R$ 1.500 por pessoa.
A atuação de quadrilhas especializadas agrava o problema. Segundo especialistas, esses criminosos costumam vender os aparelhos e suas peças para outros países, o que dificulta o combate ao crime. Por isso, é defendida uma ação conjunta entre as polícias, instituições financeiras, operadoras de telefonia e governos de diferentes nações.