Essa semana, uma cena insólita sequestrou todo cenário politico do estado.
Trata-se da prisão do Deputado Capitão Assumção, que não era esperado por ninguém e pegou de surpresa todos os principais players da política capixaba. Essa situação, à princípio insólita, traz também bastidores ainda não revelados. Porém uma coisa é certa: aumentou o capital político do pré-candidato do PL por conta da comoção do fato ocorrido.
Desse aumento de capital, resta saber se isso foi no entorno da capital, onde, na Serra e Vila Velha, ele tem na direita bolsonarista referência e liderança, ou se essa comoção poderá mudar o imaginário do eleitor da capital, vista como mais centrada e com forte influência de uma classe média que vota, que discute a cidade e que é bem atuante nas redes sociais. Diferente, por exemplo, da Serra, onde não conseguimos ver tanta movimentação, ficando as classes mais populares, muitas vezes sob o comando de importantes lideranças comunitárias que ajudam a fazer chegar as narrativas dos players políticos do município.
E essa verdade de uma força de capital política externa a cidade de Vitória poderá ser medida na convocação da direita para que seus militantes estejam às 14 horas para acompanhar a votação que irá deliberar pela soltura ou não do Capitão Assumção.
Cumpre destacar, desse episódio, da demonstração de força, competência política e articulação do Presidente da ALES, o Deputado Marcelo Santos, que não se refutou de seu papel de maior líder desta casa de leis, que soube trazer com equilíbrio a Assembléia para dialogar o MP e Governo do Estado, e trouxe o poder de decisão, dentro das prorrogativas constitucionais, para a ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, resgatando a imagem de todas as instituições envolvidas nessa crise.
O papel de Marcelo foi fundamental e notoriamente acompanhado da sensibilidade do Ex-presidente da casa, seu amigo e aliado político, o ex-Deputado Erick Musso. O mesmo conversou com todos os deputados do REPUBLICANOS, garantindo unidade em torno da soltura de Assumção. Erick teve zelo ao se envolver no processo, tendo en vista que seria natural o caminho que seus comandados tomariam.
Por que chamo de “prisão confusa”?
Uma prisão confusa, não pelas circunstâncias de como aconteceu, como disse, não temos interesse nesse bastidor, mas pelos muitos questionamentos de como ficaria o cenário político, considerando que hoje Assumção é uma espécie de tampão político para evitar uma vitória da direita moderada, já no primeiro turno, na capital. O atual prefeito, Lorenzo Pazolini, mesmo estando com a máquina, tendo uma gestão bem avaliada e vindo forte para a reeleição, tem em Assumção, um fiel da balança que garantiria um segundo turno na eleição de outubro.
Cabe saber se Assumção, após toda essa situação, conseguirá ser um player com liberdade de se movimentar e com a desenvoltura necessária para, quem sabe, bater Coser e consolidar seu nome para um eventual segundo turno contra Pazolini.
Para Coser, a soltura e a participação de Assumção no processo eleitoral seria um alívio e um tormento. Alívio, pois teria nos números do capitão uma espécie de salva conduto para realização de um segundo turno. Tormento, porque a direita bolsonarista ampliaria os ataques no seu projeto.
Já Camila, espera-se a coerência de manter a narrativa da esquerda, sendo menos pragmática, irá sinalizar com intensidade para as bases, inclusive de Coser, um discurso duro contra Assumção. Isso poderá ser mais um problema para Coser, que não está tendo uma vida fácil. Pelo visto, 2024 promete ser um grande desafio para o petista, com fantasmas tanto na direita quanto na esquerda.
A maturidade do governo do estado…
Diante de toda a novidade que envolveu a prisão de Assumção, o governo demonstrou muita maturidade, pois ficou clara a condução do Presidente da Assembleia, que aconteceu sob olhares amenos de um governo que vem mantendo atitude distante, acreditando que é um problema para a casa de leis, com a liderança de um presidente habilidoso e experiente, resolver.
O deputado Vandinho Leite (PSDB), aliado do vice-governador, foi um dos primeiros deputados da casa a demonstrar solidariedade, evidenciando que esse gesto contribuiu para que houvesse a unidade e a solidariedade necessária em todos os setores da política do estado.
Esperemos a votação, nesta segunda-feira, as 14 horas, na Assembleia Legislativa. Estaremos aguardando o que se desenrolará e suas devidas consequências (que certamente virão).
“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura?
A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?”
Temos um jogador oculto? (…)