Sinais da votação sobre a libertação de Assumção. Muitos pontos ainda sem nó

A política capixaba ganhou protagonismo nacional com o posicionamento da ALES ao dispor sobre a soltura do capitão Assumção.
Foto: Internet.

Nesse ínterim, muito interessa a postura dos que votaram contra essa liberdade, ficando notório um grito para as bases mais extremistas e violentas, deixando claro que há um notório interesse desses players pela militância estridente e volumosa da extrema-esquerda capixaba.

Natural, pois estamos a poucos meses de um processo eleitoral e, apesar de expressar votos pela manutenção da prisão de um colega de plenária, os deputados que não se assumem como extrema-esquerda, no entanto, estão claramente marchando para esse espectro político, inclusive, de forma surpreendente, o deputado Tyago Hoffman foi um que se revelou acenando para esse posicionamento, deixando no ar dúvidas que só o tempo revelará razões.

Como havia dito aqui, o grito para as bases da extrema-esquerda de João, Iriny e Camila foram sentidos, e já na quinta-feira, o MST já se posicionava na frente da ALES pedindo a manutenção da prisão de Assumção, segundo um material divulgado pelo deputado Lucas Polese nas mídias sociais. Diante disso, espera-se um acirramento na polarização entre a esquerda e direita capixaba, por  consequência desse  movimento de votos contrários à liberdade de um deputado de direita, por crime de opinião.

Consequências imprevistas

Independente de questões ideológicas, qualquer ferimento a personalidades, autoridades ou figuras públicas por opinião, sendo tóxica, mal dita ou agressiva, nosso ordenamento jurídico deixa claro instrumentos como, dano moral, o que tem ocorrido, no entanto, são duros questionamentos a maneira como prisões têm ocorrido a parlamentares e cidadãos por opinarem e cobrarem sobre nosso sistema eleitoral, por críticas a decisões judiciais e uma série de outras circunstâncias que não cabe aqui fazermos juízo.

O relatório do Deputado Lucas Escaramussa, um verdadeiro instrumento de questionamento e um documento histórico que caracterizou com propriedade o caso específico do Deputado Assumção, nos remete a postura sóbria e de total lisura e isenção jurídica que fundamentou o direito a liberdade, tratado pelo relator como nosso maior bem e seguido por 24 deputados estaduais que não tomaram posicionamento com base na polarização ou extremismos.

E nesse ponto temos a dúvida que vai pairar: a esmagadora maioria do eleitorado capixaba vai entender que a atitude de gritar para as bases da extrema-esquerda sem se preocupar com a imensa maioria moderada será um ponto de derrocada desses nomes que sinalizaram para o extremismo? Ter apoiado a manutenção de uma prisão de um colega de parlamento por crime de opinião poderá impactar a imagem desses players em uma eleição majoritária de maioria absoluta de eleitores moderados, que não toleram cerceamento de liberdade de opinião?

Nesse contexto, nomes de peso da política capixaba têm nos bastidores se movimentado para trazer esse questionamento e isso pode impactar esses projetos.

João Coser, por exemplo, ao disputar a simpatia da extrema-esquerda, sinaliza para moderados da capital que estaria muito diferente de quem ele era. Camila mais habilitada, perde espaço em conquistar novos votos, pois uma eleição majoritária não seria gueto e, Tyago, se vier candidato, atrairia o mesmo problema, mas com um agravante: o governador sequer se movimentou para agir nesse caso e seu líder na ALES votou pela liberdade de Assumção, ou seja, consequências desnecessárias poderão vir e, de certa forma, bem imprevistas. Há de se considerar que estamos num estado onde, para ganhar uma eleição, o governador chegou a criar o Casanaro, atraindo uma fatia importante de eleitores de direita.

Sinais de fumaça, direita x direita

Outro ponto é a relação Pazolini / Assunção. O conflito na semana anterior à prisão ocorreu de forma brusca e com palavras duras. Assumção deu o tom de como seria a relação com o colega de mesma coloração ideológica na campanha.

Após a prisão, Erick Musso, presidente do Republicanos, deixou claro sua total sensibilidade e empenho na soltura do deputado do PL.

Resta saber qual será a continuidade dessa relação, se será com os embates violentos sinalizados por Assumção ou não.

O PL e sua condução

Com dificuldades na condução política, Magno tem tentado ganhar capital político para o partido, que teve muitos votos na campanha por conta da força da polarização.

Como já dito aqui, o PL mantém um isolamento em relação às forças ideológicas simpáticas e semelhantes ao seu espectro ideológico, buscando um “purismo” na direita, vendo muitos de seus membros se entregarem ao extremismo, o que favorece demasiadamente a esquerda, inclusive em municípios estratégicos do estado.

Esse isolamento não prejudicou o amplo apoio recebido por Assumção na Assembléia Legislativa, muito mais por suas qualidades do que pelo peso político do seu partido e correligionários. Isso deixa claro que a pessoa de Assumção goza mais de respeito, carinho e prestígio que seu partido de peso político. Eu diria que o PL, infelizmente, faz política como que numa ilha deserta. Quem conhece um pouco o universo das igrejas evangélicas e suas denominações, sabe que esse comportamento lembra muito a Igreja Universal de alguns anos atrás, quando ela ainda não tinha a maturidade que possui hoje. Houve um tempo em que a IURD era muito fechada e, mesmo sendo do mesmo espectro religioso, nem sequer dialogava com outras denominações. Parecia que apenas os seus membros iriam para o Céu. Hoje, a igreja Universal apresenta outro comportamento, demonstra diálogo, boa relação e convivência com as demais denominações evangélicas. Não foi à toa que criaram a UNIGREJAS, núcleo responsável pelo relacionamento com outras igrejas. Se a IURD, pregando santidade, aprendeu e amadureceu, será que o PL vai conseguir furar a bolha do “purismo” que provoca o radicalismo? Que esse grande e valoroso partido não fique refém daqueles que acreditam no isolamento e nos excessos que afastam até mesmo os que estão no mesmo campo político de direita.

A pergunta continua…

Temos um jogador oculto?
Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?

Cônsul romano Cícero contra o senador Catilina.

“A opinião deste colunista não reflete, necessariamente, a opinião da RedeTV! Espírito Santo.”

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